Uma escrita fora do espelho na cena de Tadeusz Kantor

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Bahia, Cássia Fontes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicanálise
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/14538
Resumo: Esta tese desenvolve uma articulação da teoria psicanalítica com a arte a partir da obra do artista Tadeusz Kantor, cujo processo criativo propiciou a abertura de um campo para a pesquisa relacionada com as questões do inconsciente. Inicialmente o artista foi apresentado através de suas origens e influências, bem como das principais características de seu trabalho, tendo sido priorizada a análise das referências ao conceito de realidade. Posteriormente foi desenvolvido o modo como a questão do estranho se apresenta na cena de Kantor, pelo que se delineia no ensaio O Teatro da Morte (1975) a respeito do duplo e da condição da morte como fundamental à condição da arte. Em seguida tratou-se do conceito de inquietante estranheza em sua incidência na teoria psicanalítica como duplo e como o retorno do recalcado. Por meio da análise de cenas do espetáculo A Classe Morta (1975), foi buscada uma aproximação do processo artístico de Tadeusz Kantor com os conceitos do duplo, do retorno do recalcado e da repetição do traumático como impossível, marca do processo lógico da inscrição do sujeito na linguagem pela entrada dos significantes. Apresentou-se um pequeno histórico das postulações freudianas referentes à realidade e os meios de sua representação, que resultou na consideração da realidade psíquica como aquela que intermedeia o sujeito em suas relações com a realidade. Foram mostradas as análises referentes à experiência de satisfação, à diferenciação entre alucinação e representação, nas quais o traumático se delimita como o que se inscreve a posteriori (Nachträglich). Ainda incluíram-se os avanços de Lacan sobre Das Ding (A Coisa), como parte do processo de inscrição e escrita do traumático. Das Ding foi elaborado em relação ao fracasso da negação. Esse desenvolvimento alcança a possibilidade de que, no que se refere ao trauma na cena kantoriana, se possa falar de uma representação-limite. Por intermédio dela se manifesta uma imagem que marca o lugar de uma impossível inscrição. Foram situados alguns aspectos da organização da cena kantoriana, nos quais se torna possível distinguir movimentos e tempos distintos entre os espetáculos A Classe Morta e Hoje é o meu aniversário. Na sequência, mostrou-se a elaboração de Lacan quando apresenta Das Ding em relação ao estranho, na medida em que entrará em jogo a questão do objeto a, que indica a relação da cena traumática frente ao real. Pode-se afirmar, assim, a dimensão imaginária na constituição do campo das representações (Vorstellungen), em suas bordas com as dimensões simbólica e real, quando a ficção demonstra o unheimlich de modo a permitir que se tenha acesso à função da fantasia