Perspectivas psicanalíticas acerca das bissexualidades no contemporâneo
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicanálise |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23258 |
Resumo: | Da clínica com jovens e adolescentes, o significante bissexualidade repete-se em muitos casos, nomeando a direção do desejo destes analisandos para pessoas de gêneros variados. No entanto, tal fato parece ainda encontrar resistências no próprio campo psicanalítico com leituras fundamentadas num discurso cisheteronormativo. Essa dissertação visa discutir sobre o fazer psicanalítico com estes jovens pacientes, apresentando recortes clínicos que evidenciam expressões singulares da relação de cada sujeito com seu desejo e com a sua orientação bissexual, sem que isso se apresente como algo problemático em uma análise. As bissexualidades vividas por estes jovens nos convidam a revisitar a teoria psicanalítica buscando suas articulações possíveis bem como seus limites. Na psicanálise, a bissexualidade entra em cena com Fliess, interessado nas correlações anátomo-fisiológicas, seguindo um caminho diferente com Freud, entusiasmado pela dimensão psíquica. O termo surge como uma disposição inata de todo humano que se associa à estrutura. A centralidade oferecida ao complexo de Édipo não alcança o total apagamento da dimensão pulsional, que persistirá ao longo da obra freudiana. Em Lacan, a bissexualidade perde importância com a conceituação do objeto a, objeto da falta, fundante da constituição subjetiva e causa do desejo, cuja satisfação sempre parcial impele o seu movimento. A compreensão de Lacan (1957-58/1999) sobre a castração reformula a noção de falo em Freud atrelada ao órgão, revelando o sujeito como efeito do significante, gerador de um corte epistemológico da diferença sexual estabelecida em termos anatômicos ou fisiológicos. A privação simbólica do falo, que se inscreve pela metáfora paterna, presentifica a castração simbólica do objeto imaginário para todos aqueles situados no campo da neurose, independentemente da escolha de um objeto sexual (pré) determinado. À medida que esse falo negativizado opera engendrando o desejo, permite um deslizamento dos objetos sendo a própria fluidez desejante. O que interessa psicanaliticamente é como o sujeito enquadra o outro em sua estrutura fantasística. Portanto, buscar referências críticas, dentro e fora do nosso campo, para operar uma escuta clínica, que não reproduza à norma social estrutural, e inclua as subjetividades de nossa época, se faz necessário. Estar advertido das relações de poder em xeque nas construções de sexo, gênero, desejo e sexualidade, nos serve a operar uma escuta que reafirme seu fazer ético e político, de um saber não-todo e que não se pretende unívoco. |