Organização do trabalho hospitalar e as repercussões para o prazer e sofrimento de trabalhadores de enfermagem

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Matos Filho, Silvio Arcanjo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17949
Resumo: Constitui objeto deste estudo, a organização do trabalho hospitalar e as repercussões no prazer e sofrimento de trabalhadores de enfermagem. Objetivou-se caracterizar os aspectos sociodemográficos, laborais e de saúde dos trabalhadores de enfermagem de um hospital público da Bahia; descrever a configuração da organização do trabalho de uma instituição hospitalar pública, da Bahia, sob a ótica dos trabalhadores de enfermagem; analisar as repercussões da organização do trabalho hospitalar para a dinâmica do prazer e sofrimento dos trabalhadores de enfermagem; discutir as estratégias adotadas pelos trabalhadores de enfermagem para minimização do sofrimento decorrente da organização do trabalho. Trata-se de tese com natureza qualitativa e descritiva, com apoio quantitativo, cujo campo foi um hospital público, da Bahia. Na parte quantitativa, participaram 210 trabalhadores de enfermagem. As informações sociodemográficas, laborais e de saúde emergiram de um questionário. Na dimensão qualitativa, 34 participantes responderam, entre maio e julho/2018, uma entrevista semiestruturada. Os profissionais que se ausentaram do trabalho por adoecimento foram identificados, após análise dos questionários os quais foram tratados por estatística simples, com resultados apresentados por tabelas. As entrevistas foram analisadas pela técnica de análise temática de conteúdo, norteada pelo referencial teórico da psicodinâmica do trabalho. O Comitê de Ética em Pesquisa aprovou o estudo (protocolo 2.414.553). Houve predominância de profissionais do sexo feminino (30 a 49 anos), casadas, pardas e/ou negras. A maioria dos enfermeiros possui pós-graduação lato sensu, 19,0% dos técnicos de enfermagem possuem graduação (concluída entre 11 e 20 anos) e pós-graduação lato sensu. Da análise qualitativa emergiram três categorias: configuração da organização do trabalho hospitalar; sentimentos de prazer e sofrimento decorrentes da organização do trabalho hospitalar; estratégias de defesa contra o sofrimento psíquico: individuais e coletivas. Representou prazer no trabalho: bom relacionamento interpessoal na equipe, amor pela profissão/pacientes e certeza do dever cumprido. O sofrimento no trabalho vinculou-se a precariedade do trabalho, assistência inadequada, dupla jornada, afastamento familiar, mudança setorial, precarização de vínculos, sofrimento por doença e distanciamento entre trabalho prescrito e real. Destacaram-se estratégias individuais de defesa para o sofrimento resultante da organização do trabalho: fragmentação da relação trabalhador/paciente, despersonalização, negação do enfermo, fuga do trabalho, individualização e religiosidade/espiritualidade. As estratégias coletivas de defesa foram: evitar discussões no trabalho, atividades educativas grupais, festinhas comemorativas na unidade e lazer extra trabalho. Considera-se importante, implementar ações para promoção da saúde e prevenção de agravos físicos/psíquicos, que os gestores repensem as relações trabalhistas quanto ao exercício do poder, e, principalmente, a forma de lidar com os sofrimentos e suas consequências para o sujeito e a coletividade. Estudar a configuração da organização do trabalho, a dinâmica do prazer e sofrimento do trabalhador de enfermagem de hospitais públicos e suas estratégias de enfrentamento, poderá proporcionar maior visibilidade à questão e gerar políticas que protejam a saúde psicofísica desses trabalhadores.