Avaliação da capacidade de absorção de ferro em adultos com anemia falciforme e de bases para recomendações dietéticas a pessoas com sobrecarga deste micronutriente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Mendonça, Juliana Omena Braga de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Nutrição
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21596
Resumo: Orientações alimentares e nutricionais para doenças que cursam com a sobrecarga de ferro ainda não foram estabelecidas. A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia que pode cursar com sobrecarga de ferro secundária a transfusões sanguíneas, sendo muito presente no Brasil, especialmente em regiões com maior concentração de pessoas de origem africana. Recentemente, estudos observaram que as concentrações de hepcidina – hormônio responsável pela homeostase de ferro e por reduzir sua absorção intestinal – eram maiores em participantes com sobrecarga de ferro se comparados àqueles sem sobrecarga e ao grupo controle. Estes dados sugerem que os indivíduos expostos à sobrecarga de ferro não precisariam reduzir a ingestão de alimentos ricos neste micronutriente, uma orientação comumente prescrita por profissionais de saúde. Todavia, estes resultados ainda não são suficientes para estabelecer uma abordagem nutricional segura, visto que aspectos como a estimativa da absorção de ferro precisam ser aprofundados. Assim, o objetivo deste estudo foi compreender as bases existentes para as recomendações dietéticas a indivíduos com sobrecarga de ferro e avaliar a absorção deste micronutriente em pessoas com anemia falciforme. Primeiramente, foi realizada uma revisão de escopo de acordo com os métodos propostos pelo Instituto Joanna Briggs e pelo protocolo do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) a fim de sistematizar os estudos que tratam de prescrições dietéticas para pacientes com sobrecarga de ferro. Também foi realizado um estudo experimental e comparativo com 25 adultos, divididos nos grupos com AF e sobrecarga de ferro (n = 03), AF sem sobrecarga (n = 10) e indivíduos sem a doença (n = 12). A capacidade de absorção de ferro foi estimada por meio da marcação de 100 mL de suco de laranja com o isótopo estável 57Fe. Amostras de sangue foram obtidas no tempo basal e 14 dias após a ingestão do isótopo, sendo a determinação da relação isotópica entre 57Fe/56Fe determinada por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS). Na revisão de escopo, de 6409 estudos encontrados nas bases de dados, oito foram selecionados por obedecerem ao critério de inclusão no estudo. Observou-se que embora a necessidade de restringir o ferro na dieta de indivíduos com hemocromatose seja bastante clara, há um consenso que a sobrecarga de ferro diminui a taxa de absorção. Além disso, o consumo de polifenois e 6-shogaol reduziu a absorção de ferro ou a concentração de ferritina sérica nos participantes, enquanto as procianidinas não causaram nenhuma alteração. Embora possa ser benéfica quando feita concomitantemente à terapia de quelação, a suplementação com vitamina C deve ser evitada – assim como o consumo excessivo de álcool – por provocar reações oxidativas quando o ferro se encontra em excesso no organismo. No segundo estudo, não foram observadas diferenças nas concentrações de hepcidina sérica e na absorção de ferro entre os três grupos estudados. Diferentemente da hepcidina, parâmetros como ferritina sérica e concentração hepática de ferro se correlacionaram forte e negativamente com o percentual de ferro absorvido, apresentando-se como possíveis fatores capazes de influenciar na diminuição da absorção deste micronutriente. Analisando a comparação entre os grupos e a correlação da capacidade de absorção de ferro com estas variáveis, acredita-se que os indivíduos com AF– tanto aqueles que cursam com sobrecarga de ferro quanto os que não apresentam este quadro – não necessitem reduzir a ingestão de fontes de ferro, já que sua absorção não diferiu dos indivíduos sem a doença. No entanto, estudos adicionais que avaliem a capacidade de absorção intestinal de ferro de um número maior de indivíduos devem ser realizados para auxiliar no estabelecimento de uma conduta nutricional segura a ser adotada.