Vassalos-escritores e informações oficializadas. A interferência política da Coroa Espanhola na escrita de Índias na segunda metade do século XVI (Novo Reino de Granada)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Souza, Thiago Bastos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17151
Resumo: Durante o século XVI a Coroa Espanhola necessitou de informações sobre os seus novos territórios, para que pudesse controlá-los, geri-los e protegê-los. Por esse motivo, solicitou constantemente, por meio do Conselho de Índias, sua produção a seus vassalos alocados nas Índias. Essa requisição de informações esteve, porém, acompanhada da elaboração e desenvolvimento de formas de controle por parte da Coroa, de modo que ela pudesse adquirir o conhecimento necessário sem que as informações escapassem de sua estrutura de controle administrativo. A busca por papéis e informações constituiu um aspecto involucrado no processo de expansão do Império Espanhol em direção às Índias ocidentais. Conforme as fronteiras expandiam-se, mais a Coroa necessitava de papéis e mais procurava institucionalizar mecanismos que permitissem um uso privativo da informação. Esta tese busca problematizar a constante circulação de informações referente às Índias e à tentativa de controle delas por parte da Coroa, especificamente em relação ao Novo Reino de Granada (aproximadamente atuais regiões da Colômbia e Venezuela) entre 1561-1589. Para demonstrar essa problemática, utilizaremos, como instrumento privilegiado de informação, a documentação de um agente histórico que manteve uma substancial comunicação escrita com o Conselho de Índias em diferentes circunstâncias: o frei Pedro de Aguado. Este provincial da Ordem Franciscana no Novo Reino de Granada, entre 1573-1575, escreveu ao Conselho na condição de predicador, provincial, procurador da província e cronista. Nos momentos em que escreveu na condição de integrante da província, Aguado descortinou um conjunto de atores religiosos e políticos que constantemente estavam em disputa e escreviam ao Conselho de Índias e ao rei para pedirem todos os tipos de coisas, mas também para denunciarem a vida desregrada da província franciscana, da qual ele fazia parte. No caso dessa documentação de cunho arquivístico, é possível ver o Conselho de Índias frequentemente solicitando dados sobre acontecimentos e problemas políticos para que pudesse estar a par dos problemas e intervir em relação a eles. Por outro lado, na condição de cronista, Aguado escreveu uma volumosa crônica, a Recopilación Historial, que trata dos mais diversos agentes históricos e temas relacionados à conquista da região do Novo Reino de Granada. Esta crônica foi apresentada ao Conselho de Índias com fins de obtenção de licenças para impressão e venda, as quais foram concedidas em 1581-1582. A autorização foi outorgada, todavia os funcionários do Conselho a editaram, rasuraram, retiraram páginas completas e, em muitos casos, capítulos inteiros. Ou seja, informações que, uma vez publicadas, pudessem colocar em questão, entre outras coisas, a legitimidade da presença espanhola na região, foram suprimidas do texto. Dividida em três partes, esta tese busca analisar, na temporalidade, região e objeto selecionados, de que maneira a Coroa foi capaz de gerir a circulação de informações e controlá-la.