Vozes e memórias de um tempo em ruínas. Os regressos possíveis em O retorno de Dulce Maria Cardoso e O esplendor de Portugal de António Lobo Antunes
Ano de defesa: | 2021 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17000 |
Resumo: | Esta pesquisa tem como objetivo apresentar por intermédio dos romances O retorno, de Dulce Maria Cardoso e O esplendor de Portugal, de António Lobo Antunes, as ruínas estabelecidas por um momento histórico, a independência das colônias portuguesas em África, responsável pelo deslocamento de milhares de pessoas em sentido contrário ao das navegações nos séculos XV e XVI. Os sujeitos desse tempo são marcados pela fragmentação, pela fluidez e pelo desencanto com a metrópole que mal os acolhe quando retornam de países como, por exemplo, Angola, referenciado nas duas obras deste estudo. A partir desses sujeitos ex-colonizadores, deambulantes e marginalizados pela condição de retornados, - sem os ser - pretende-se analisar as suas narrativas como proposta de uma produção elaborada por indivíduos carregados pelo estigma de periféricos. Sujeitos silenciados pela história do regresso, nos romances, narram as próprias vivências, sobretudo pelo viés da memória. Com a pátria em que nasceram morta, resta a esses indivíduos o desenraizamento, fruto da condição pós-moderna, evidenciada nas narrativas contemporâneas aqui representadas pelos romances de Cardoso e Antunes. Esse não pertencer a lugar nenhum ressalta ainda mais o estigma do sujeito em eterno deslocamento, aquele que, sem-lugar, não se adapta facilmente aos locais e tampouco criam laços afetivos e duradouros. Nesta pesquisa, duas famílias são tomadas como base, para representar a desagregação e a fluidez dos tempos conturbados. Dois personagens de nome Rui, por coincidência ou não, em estruturas familiares arruinadas pela perda ou pelo ressentimento serão analisados pela perspectiva do tempo presente do verbo, em que a vida em terras lusitanas, simplesmente, rui. Por motivações distintas, as duas famílias de colonos debruçam-se sobre o passado, aos fatos bons e ruins vividos em África, como forma de invalidar o tempo e a vida decadente a que estão expostos. Ruínas, nas narrativas de moldes modernos ou pós-modernos, simbolizam, sobretudo, o império desfeito nessa grande epopeia às avessas |