Expressões da autonomia relacional das mulheres frente ao agir de enfermeiras obstétricas na parturição

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Raquel Pinheiro da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20576
Resumo: A presente dissertação teve como objetivos: descrever as percepções das mulheres sobre o agir das enfermeiras obstétricas no processo de parturição; conhecer as expressões da autonomia da mulher frente ao agir das enfermeiras obstétricas no processo de parturição; identificar as interfaces entre o agir das enfermeiras obstétricas e a satisfação das mulheres com a experiência da parturição. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória realizada com 15 mulheres, que foram assistidas por enfermeiras obstétricas durante a parturição em instituições públicas do Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados de maio a julho de 2022, por meio de entrevista semiestruturada, submetidos à análise temática indutiva e discutidos à luz das concepções teóricas da bioética feminista e literaturas sobre a temática. As percepções das participantes revelam que o agir das enfermeiras obstétricas conforma um processo de cuidar digno, empoderador e respeitoso, propiciado por habilidades relacionais, expressas em posturas de acolhimento e proximidade e demonstrações de disponibilidade, amorosidade e sensibilidade, associadas a ações que: transmitem apoio, confiança, afetividade, tranquilidade e segurança; favorecem o acolhimento e a construção de vínculo; proporcionam um ambiente confortável e acolhedor; respeitam a privacidade e a participação dos acompanhantes; promovem a autoconfiança das mulheres; asseguram o acesso a informações e práticas baseadas em evidências; e oportunizam decisões compartilhadas, com respeito às suas escolhas. Ademais, constatou-se que este agir propiciou o exercício da liberdade e da livre escolha das participantes, garantindo-lhes o direito: ao acompanhante; ao protagonismo; ao consentimento, livre e esclarecido; ao respeito à fisiologia do parto e à integridade corporal; à participação nos processos decisórios; e à liberdade para se alimentar e ingerir líquidos, se movimentar e adotar posicionamentos, expressar emoções e crenças religiosas, e decidir sobre os cuidados oferecidos, sem coerções. Como efeito, todas as participantes referiram satisfação com a experiência da parturição, ainda que duas delas tenham vivenciado situações pontuais de desrespeito na assistência, as quais parecem se relacionar com intercorrências obstétricas que necessitaram da atuação conjunta da enfermeira e do profissional médico. Conclui-se que o agir das enfermeiras obstétricas com uma atitude ética na relação de cuidado propiciou a autonomia relacional das participantes. Ao se posicionarem deste modo, essas especialistas expressaram valores, afetos e comportamentos condizentes com a abordagem feminista da autonomia relacional, desenvolvendo ações que valorizaram as experiências de vida das mulheres e viabilizaram seu lugar de fala por meio de relações simétricas e diálogos emancipatórios que as instrumentalizaram para reconhecer sua capacidade de autodeterminação, compreendendo a natureza contextual e interacional do seu senso de identidade e de sua capacidade de escolher e agir autonomamente. Considerando que as habilidades e ações manifestadas neste agir correspondem às tecnologias não invasivas de cuidado de enfermagem, é possível inferir que estas tecnologias agregam uma dimensão bioética de inspiração feminista.