Pescadores artesanais e a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ - RESEXMar AC: trajetória e desafios frente a atividades turísticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Aguiar, Luiza Araujo Jorge de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20145
Resumo: Em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, os pescadores artesanais enfrentam desafios socioambientais que podem afetar diretamente sua vida e trabalho. Convivem com: o espólio deixado pela Companhia Nacional Álcalis que, hoje extinta, impactou o município durante sua construção e funcionamento (1943 a 2006); a especulação imobiliária fomentada pelo turismo; um novo contexto socioambiental desde 1997, quando da criação da Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo/RJ (RESEXMar AC). Paralelamente à chegada e implementação da RESEXMar AC, novas regras para a pesca e circulação marítima foram impostas. Os moradores locais também encaram o recrudescimento do turismo como atividade econômica, que pode ser utilizada pelo pescador artesanal como uma alternativa à pesca ou mesmo vir a substitui-la. Esta pesquisa teve por foco os pescadores do distrito sede de Arraial do Cabo, visando descrever e compreender como lidam com tais circunstâncias e elementos e os novos e diversos significados da RESEXMar nesses processos complexos.Eu registrei em fotografias a arena em que essas atividades ocorrem, antes e durante a pandemia de COVID-19, investiguei a história do trabalho dos pescadores locais, entrevistei pescadores que são lideranças locais, o gestor da RESEXMar AC, e analisei a documentação oficial relacionada à essas atividades laborais e ambientais. Adotei uma abordagem antropológica/etnográfica com procedimentos metodológicos qualitativos, e, para analisar o universo pesquisado, tomei como referência os seguintes conceitos/categorias analíticas: unidades de conservação; identidade social; território; populações tradicionais; conflitos socioambientais; turismo; arena.Os resultados apresentados e discutidos na tese, foram sintetizados em capítulos cujos títulos derivam de falas dos pescadores captadas em minhas entrevistas: (1) “Cabista da ova do peixe”, evidenciando um profundo senso de pertencimento e identidade dos pescadores, (2) “A reserva não foi feita pra nós, pescadores?” com as reflexões que fazem sobre a RESEXMar AC; (3) “O turismo atrapalha?” conversando sobre o convívio dos pescadores com as atividades turísticas, antes de durante a quarentena imposta pela COVID-19; e (4) “Não seria o pescador se adequar ao turismo. O turismo teria que se adequar ao pescador”, com as perspectivas de futuro do convívio nessa arena. Os resultados evidenciaram que a RESEXMar AC está assumindo novos significados para além daqueles estipulados por lei, e que os pescadores estão optando pelas oportunidades que lhes trazem mais rendimentos. A compreensão do caso da RESEXMar AC, nos remete às diversas situações das tantas unidades de conservação no Brasil que são levadas a composições variadas com a presença humana, passando a demandar soluções específicas para sua gestão