Trocas afetivas de crianças em acolhimento institucional com seus pares e educadores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Kappler, Stella Rabello
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15400
Resumo: Os vínculos afetivos são resultado de nossa história filogenética, pois evoluíram como um mecanismo que promove cuidado, proteção e proximidade entre a criança e seus cuidadores. Adicionalmente, são constituídos de acordo com o contexto sociocultural em que se vive e são considerados um componente fundamental para um desenvolvimento saudável. Sendo assim, as trocas afetivas estabelecidas entre as crianças, seus pais e/ou cuidadores são apontadas na literatura como um dos fatores de proteção ao desenvolvimento, que aumentam as chances de que o indivíduo demonstre adaptação positiva frente a adversidades. O objetivo principal dessa pesquisa foi identificar e caracterizar trocas afetivas (TA) e tentativas de estabelecimento dessas trocas (TTA), em contextos de interação criança-criança e criança-educador social, para crianças abrigadas. Participaram dez crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de seis a onze anos, institucionalizadas em dois abrigos localizados na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, e seis educadores sociais responsáveis pelos cuidados das mesmas. Trata-se de um estudo observacional, utilizando a técnica do sujeito focal (SF), com base em observações naturalísticas, em situações livres, realizadas nas dependências das instituições de acolhimento e registradas em vídeo. As análises se basearam em categorias pré-definidas para TTA, TA e comportamentos afetivos. Foram também realizadas entrevistas semiestruturadas com os educadores, analisadas com base em análise de conteúdo. Os resultados obtidos revelaram que as TTA foram mais frequentes, atingindo o percentual de 70,4%, enquanto as TA, atingiram o índice de 29,6% do total de episódios identificados. Houve um percentual de 94% dos episódios reunindo TTA e TA que se efetivaram entre crianças e seus pares, indicando que as tentativas e trocas eram bem menos frequentes entre as crianças e seus educadores. Com relação aos comportamentos afetivos observados, o do tipo rir/sorrir foi o que teve ocorrência mais elevada, atingindo 65,64% do total de ocorrências de comportamentos afetivos, seguido do falar ou gritar conteúdo negativo (11,75%) e agredir verbalmente (6,51%). Observou-se também que as crianças manifestaram mais comportamentos afetivos e envolvem-se mais em TTA e TA, em momentos de brincadeira. No que se refere às entrevistas com os educadores, os mesmos mostraram-se preocupados com o impacto que seu trabalho pode ter no desenvolvimento das crianças. Porém, os entrevistados relataram estabelecer poucas trocas afetivas com as mesmas, ainda que tenham reconhecido sua relevância. Acredita-se, a partir das evidências encontradas, que é necessária a implementação de regras e normas que viabilizem e valorizem as trocas afetivas em ambientes institucionais, principalmente entre crianças e seus educadores. Além disso, ressalta-se a importância de realizarem-se mais pesquisas que busquem estudar a afetividade em ambientes institucionais, fomentando, dessa forma, a discussão sobre o tema