Juventudes indígenas em espaços urbanos amazonenses: narrativas Sateré-Mawé
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Educação |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/10302 |
Resumo: | É certo que a categoria juventude não consta nas tradições dos povos indígenas brasileiros. Entretanto, tem-se observado, em especial a partir do século XXI, aproximações que se colocam entre os estudantes indígenas, nas quais se incluem suas autoidentificações enquanto jovens e a criação de organismos que evidenciam a emergência da categoria social juventude indígena entre tais populações. Foi partindo dessas observações que se idealizou um estudo, o qual agora se verte na presente tese, que trata da categorização social juventude no contexto indígena brasileiro, focalizando, em especial, o povo Sateré-Mawé, a partir das suas inserções nos contextos urbanos de Barreirinha, Manaus, Maués e Parintins. Além de teorizações relativas às questões das populações indígenas do Brasil, que estudamos com Manuela Carneiro da Cunha, entre outras referências, para a problematização das juventudes indígenas enquanto categoria socialmente identificada, optou-se pela perspectiva teórica da interculturalidade crítica, em diálogo com teorizações de Vera Candau e seu entrelaçamento com a decolonialidade, conforme proposta por Catherine Walsh e Anibal Quijano, entre outros, que possibilitaram entendê-las enquanto resultado (instável) de processos de lutas e resistências, que podem contribuir para transformar, construir, transgredir, sacudir, descolar e rearticular contextos sociais, visibilizando o que a colonialidade e os multiculturalismos de teor político conservador tendem a diluir e ocultar. Quanto à metodologia do estudo empírico realizado, privilegiou-se a proposta de pesquisa colaborativa, tendo como colaboradores centrais os estudantes indígenas Sateré-Mawé da Universidade do Estado do Amazonas. Recorreu-se, sobretudo, à realização de entrevistas narrativas, a partir da teorização de Leonor Arfuch, enquanto instrumento para construção de dados. Os estudantes indígenas entrevistados narraram modos de ser Sateré-Mawé que apontam a centralidade de questões como a língua, os rituais e as vivências alimentares waraná, çapó para seus reconhecimentos e autorreconhecimentos, as quais são perpassadas pelas tradições de luta e resistência dessa população. Colocaram-se como elementos de identificação dos seus pertencimentos étnicos, que não se perdem ou se diluem em razão de vivências no contexto urbano. Por outro lado, diante de discursos e ações que almejam invisibilizar ou impedir suas etnicidades, os colaboradores da pesquisa relataram que estar e viver nos espaços urbanos de Barreirinha, Manaus, Maués e Parintins e experienciar e se relacionar com construções culturais não indígenas possibilitam ressignificações de suas vivências e culturas, evidenciando seu caráter dinâmico e mutável. Quanto à emergência da categoria juventude indígena, questão central da pesquisa, este estudo sinaliza que se trata de uma condição externa, que, como estratégia política, vem sendo progressivamente habitada pelos indígenas, assumida, entre os entrevistados-colaboradores, sobretudo por aqueles que possuem experiências e vivências no movimento indígena. Por fim, compreende-se que os jovens indígenas têm se tornado sujeitos políticos, construtores de si próprios e de novos modelos e canais de diálogos, que qualificamos como interculturais críticos e decoloniais, nos movimentos e organização das juventudes indígenas, com articulações, mobilizações e formas de auto-organização inovadoras |