Violência contra as mulheres: representações sociais de profissionais da Rede de Enfrentamento no Sertão de Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lira, Kalline Flávia Silva de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17809
Resumo: A presente pesquisa investigou as Representações Sociais dos/as profissionais que atuam em serviços componentes da Rede de Enfrentamento à Violência numa região do Sertão de Pernambuco acerca da violência contra as mulheres. A pesquisa foi realizada em cinco municípios de uma região do Sertão de Pernambuco e foi baseada na Teoria das Representações Sociais, desenvolvida por Serge Moscovici, sob a perspectiva da abordagem estruturalista de Jean-Claude Abric e da abordagem processual de Denise Jodelet. Participaram da pesquisa 250 profissionais, que trabalhavam em diferentes áreas da Rede de Enfrentamento à Violência: saúde, assistência social, segurança pública e justiça. Além disso, foram incluídos profissionais que atuavam no que foi denominada de Rede Informal, abrangendo líderes religiosos, líderes comunitários, profissionais da educação, integrantes de movimentos feministas, entre outros. A construção da pesquisa se apoiou em diferentes instrumentos de coleta e análise de dados: evocação livre de palavras e construção do quadro de quatro casas; entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo temática; e questionário estruturado e análise de conteúdo temática. Para investigar as representações sociais da violência contra as mulheres no contexto específico, inicialmente foi realizada uma análise das representações da mulher e do homem do Sertão. Através da análise das evocações livres e das entrevistas, identificou-se que a representação tem como provável núcleo central os termos “forte”, “guerreiro/a”, “batalhador/a” e “trabalhador/a”. Percebe-se, portanto, que a representação possui uma conotação e uma valoração favoráveis. Estes termos foram corroborados pela análise das entrevistas. O diagnóstico da estrutura da Rede de Enfrentamento aponta a fragilidade da região, com a inexistência de diversos serviços importantes para o atendimento das mulheres em situação de violência. Em relação aos números da violência doméstica e familiar contra as mulheres, é possível perceber que houve um aumento na região pesquisada. No que se refere à análise da representação da violência contra as mulheres, a análise das evocações livres demonstrou como provável núcleo central os termos “agressão”, “covardia”, “machismo” e “tristeza”. A análise das entrevistas e do questionário apontou que a violência é representada, principalmente, a partir de duas perspectivas: a manutenção de construções históricas e sociais baseadas nas relações desiguais de poder entre os gêneros, que desencadeiam as situações de violência, como o machismo e o preconceito; e a culpabilização das mulheres por permanecerem no ciclo de violência. Tais representações foram ancoradas e objetivadas em concepções ligadas à esfera biológica como, por exemplo, acreditar que o espaço público é do homem, além da ideia de que a traição é justificativa para a violência. Foi percebido que os/as profissionais não possuem conhecimento sobre as questões de gênero, nem sobre as legislações específicas. Ao mesmo tempo, há um desconhecimento dos serviços que compõem a rede de enfrentamento, o que dificulta o atendimento às mulheres. Conclui-se que os/as profissionais são fundamentais para a identificação dos casos, o acolhimento das mulheres e para a realização dos encaminhamentos pertinentes.