A construção da Identidade Médica na concepção de médicos recém-graduados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Fernandes, Débora Alves dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18983
Resumo: A Identidade Médica (IM) é uma contrução social dinâmica e é influenciada por fatores relacionados ao estudante, ao docente/preceptor e à sociedade, além de moldar a forma como o futuro médico exercerá sua profissão. O objetivo desta tese é analisar a construção da IM e os fatores que a influenciam a partir das percepções de médicos recém-graduados, além de realizar uma revisão da literatura atual, pesquisar os fatores intrínsecos e extrínsecos formadores da IM, a influência dos primeiros anos do exercício profissional e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) no perfil e na consolidação da IM. Estudo observacional de corte transversal de caráter qualitativo realizado com médicos-residentes de um hospital universitário de um grande centro urbano brasileiro. Os dados foram coletados por meio de doze entrevistas virtuais no período de setembro a novembro de 2021 e três grupos focais presenciais, com seis participantes cada, em agosto de 2022. O material produzido foi submetido à análise de conteúdo, seguindo os seguintes passos: leitura e releitura flutuante, busca de semelhanças e divergências, classificação em categorias temáticas, contextualização espaço-social-temporal, discussão com a literatura científica e síntese interpretativa. Além disso, foram pesquisadas as bases de dados PubMed®/MEDLINE, SciELO, LILACS, Cochrane Library e BVS para realização da revisão da literatura. Para a revisão, estruturação da fundamentação teórica e discussão dos dados da pesquisa, foram estudados, na íntegra, os 154 artigos encontrados. Pouco mais da metade (51%) dos artigos trata-se de pesquisas empíricas que possuem como foco um dos três eixos formadores da IM (estudante / docente / sociedade), enquanto 40% são revisões da literatura e 9% são editoriais. A maioria das pesquisas (73%) foi desenvolvida no eixo América do Norte / Europa. Apesar disso, o Brasil configura-se como o 5º país em número de publicações. O material produzido no campo revelou que as expectativas dos estudantes com relação ao médico que imaginam se tornar, a influência de docentes e preceptores e o perfil de médico exigido pela sociedade moldam a IM dos participantes. Os primeiros anos da carreira profissional constituem um período de turbulência e de conflitos identitários que são suavizados durante a Residência Médica, quando esta se configura como um ambiente de prática e de ensino-aprendizagem salutar. Os médicos-residentes desconhecem as DCN e isso impacta negativamente na forma que vivenciam as expectativas da sociedade traduzidas pelas Diretrizes. Na percepção dos médicos recém-graduados, há uma incongruência entre o que é preconizado nas DCN, a formação que é efetivamente oferecida nos cursos de medicina e o mercado de trabalho que eles encontram após estarem habilitados a exercer a profissão. Essa incongruência gera uma IM pouco saudável que é prejudicial ao exercício qualificado da profissão e gera sofrimento e insatisfação nos novos médicos. Os resultados desse estudo podem contribuir com o trabalho daqueles envolvidos no processo de formação identitária dos médicos, auxiliando-os a empreender ações que favoreçam a formação de uma IM mais saudável em benefício dos atuais e futuros médicos e da população por eles assistida.