Prevalência de dor crônica no Brasil, fatores associados e o papel da resposta inflamatória aguda na cronificação da dor articular após a Febre de Chikungunya

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santiago, Bruno Vítor Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22727
Resumo: Introdução: O Brasil é um país continental, com significativa variabilidade populacional regional, e os dados de prevalência de dor crônica (DC) são escassos. Portanto, no primeiro artigo serão abordadas a prevalência de dor crônica benigna em diferentes regiões do Brasil e seus fatores de risco associados. Ainda dentro do contexto da DC, uma importante causa de dor articular em nosso país decorre da Febre de Chikungunya (CHIKF). Enquanto alguns indivíduos evoluem com sintomas limitados, após à exposição ao vírus Chikungunya (CHIKV), outros mantêm dor articular crônica, sendo esses mecanismos pouco elucidados. Assim, o segundo artigo abordará o papel da resposta inflamatória durante a fase aguda da CHIKF na cronificação da dor articular. Métodos: No primeiro artigo foi realizada uma busca nas bases de dados Ovid Medline, Embase, Web of Science e BVS Regional/Lilacs, para identificar estudos transversais de base populacional de 2005 a 2020, que relataram a prevalência de dor crônica benigna no Brasil (mais de três meses). O risco de viés foi avaliado usando desenho, determinação do tamanho da amostra e seleção aleatória de questões essenciais. A estimativa de prevalência agrupada foi calculada para dor crônica nas populações geral e idosa. No segundo artigo, foi analisada uma coorte retrospectiva de indivíduos expostos ao vírus Chikungunya durante o período epidêmico no Rio de Janeiro (2018-2019). Oitenta e um indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18-65 anos, diagnosticados com CHIKF, usando ensaio imunoenzimático IgM ou Rt-PCR, foram incluídos no estudo. A pesquisa de acompanhamento foi realizada para verificar se a dor articular persistia por 3 meses ou mais. Biomarcadores inflamatórios séricos foram avaliados nas amostras de sangue coletadas no momento do diagnóstico. Resultados: No primeiro artigo, a prevalência de dor crônica na população adulta em geral variou de 23,02% a 42,3% (estimativa combinada de 35,70%, 95% IC 30,42 a 41,17) e foi descrita como moderada a intensa. Associou-se ao sexo feminino, idade avançada, baixa escolaridade, atividade profissional intensa, consumo excessivo de álcool, tabagismo, obesidade central, transtorno de humor e sedentarismo. As regiões Sudeste e Sul apresentaram maior prevalência. A prevalência na população idosa variou de 29,3- 76,2% (estimativa agrupada 47,32%, 95% IC 33,73 a 61,11). Dos 81 pacientes incluídos no segundo artigo, 27 (33,3%) desenvolveram dor articular crônica. A maior incidência de dor articular crônica foi em mulheres entre a 4ª e 6ª década de vida, obesas e com baixo nível de escolaridade. A artrite (p=0,008) e os níveis séricos de Interleucina 1-beta - IL-1β (p=0,0135) na fase aguda foram significativamente maiores no grupo de pacientes com dor articular crônica. Observou-se correlação entre níveis elevados de Proteína 10kDa induzível por Interferon-gama - IP-10 (p=0,041) e IL-1β (p=0,015) e o desenvolvimento de dor articular crônica. O nível sérico elevado de IL-10 foi fator protetor para o desenvolvimento de dor articular crônica (p=0,038). Conclusão: A dor crônica é altamente prevalente no Brasil e está associada a sofrimento significativo, incapacidade e controle inadequado. O perfil inflamatório dos pacientes na fase aguda da CHIKF pode estar associado ao desenvolvimento de dor articular crônica