Maternidade negra interrompida: contribuições de mães de vítimas do genocídio antinegro para uma gramática contra-hegemônica de direitos humanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Milena Afonso dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Direito
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Direito
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21530
Resumo: Este trabalho analisa o choque existente entre as concepções de direitos humanos elaboradas por mães negras de vítimas do genocídio antinegro e a dogmática do direito. A hipótese dessa pesquisa é a de que para aquelas que têm sua maternidade interrompida por umas das mais graves expressões do racismo não há acomodação suficiente na gramática hegemônica de direitos humanos. A partir de entrevistas com quatro mães negras que tiveram seus filhos mortos pela violência armada do estado do Rio de Janeiro, categorias-chave dos direitos humanos foram debatidas e seus sentidos foram colocados em disputa, sob a lente analítica da raça, a partir das elaborações das mães. A criminalização da maternidade negra e o poder de resistência, posicionalidade e insurgência dessas mães também foram analisados, de forma a compreender como a morte brutal que faz cessar a vida de um filho também tem o poder de fazer nascer uma Ialodê. As narrativas apresentadas afirmam uma linha de cor que determina as maternidades dignas de proteção e desnaturaliza a noção de que toda mulher pode ser mãe. Em conclusão, ao ouvir as elaborações de mães negras que perderam seus filhos, percebe-se que para confrontar a sanha mortífera estatal e buscar justiça, suas maternidades assumem uma conformação política e seus corpos e suas vozes se constituem em luta. Além disso, suas formulações a partir da dor se forjam em caminhos para a construção de uma gramática contra-hegemônica de direitos humanos, com potencial para garantir a proteção da vida negra.