Efeitos somáticos e comportamentais do uso da vareniclina em um modelo animal de exposição à fumaça do cigarro durante a adolescência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brandão, Camila Kirschner Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Biociências
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22519
Resumo: O tabaco é a segunda substância psicoativa mais consumida no mundo, sendo considerado uma ameaça à saúde pública por seus potenciais malefícios. Majoritariamente, o hábito de fumar se estabelece durante a adolescência e se estende pela idade adulta. O uso de produtos derivados de tabaco durante este período do desenvolvimento gera dependência à nicotina rapidamente e há maior dificuldade em manter a abstemia quando da tentativa de interromper o uso. A despeito do considerável prejuízo resultante do início precoce do consumo de cigarros por adolescentes, pouco se sabe, nesta faixa etária, sobre o impacto das principais alternativas terapêuticas envolvendo os fármacos que já estão disponíveis para adultos. A vareniclina, fármaco agonista parcial dos receptores colinérgicos nicotínicos α4β2 e total dos α7, é um dos medicamentos aprovados para o tratamento do transtorno por uso de substâncias associado à nicotina destinado a adultos. No presente estudo, esta substância foi utilizada no tratamento de um modelo animal de exposição à fumaça do cigarro durante a adolescência com o objetivo de avaliar seus efeitos sobre parâmetros somáticos e comportamentais. Do dia pós-natal 30 (PN30) ao 45, 384 camundongos Suíços (ambos os sexos) foram expostos à fumaça de cigarro (0,73 mg de nicotina; FUM) ou ao ar (AR) por 8 h/dia em equipamento de exposição automatizado. Em PN41, foi iniciado o tratamento com vareniclina (0,5 mg/kg/bid v.o.; VAR) ou água (AG); de PN46 a PN56, a dose foi dobrada. Metade dos animais foi testada no Labirinto em Cruz Elevado (LCE) e no Campo Vazado (CV) durante o tratamento (PN54/PN55; vigência) e metade 30 dias depois (PN84/PN85; retirada). Observou-se que a fumaça reduziu a ingestão de líquido, o consumo de ração e a massa corporal durante a exposição. Na vigência, os machos FUM apresentavam aumento de comportamentos associados à ansiedade no LCE quando comparados aos machos AR. Ainda no LCE, o tratamento com vareniclina foi capaz de normalizar a atividade locomotora de machos, que havia sido reduzido pela fumaça. No CV, tanto fêmeas quanto machos FUM apresentaram uma redução no comportamento associado à busca por novidade quando comparados aos animais AR. Ainda no CV, a vareniclina normalizou, em fêmeas, o aumento nos comportamentos associados à ansiedade causado pela exposição à fumaça. Durante a retirada, observou-se uma redução no comportamento tipo ansioso nas fêmeas VAR no LCE, o que foi corroborado pelos dados obtidos no CV. Nos machos, o tratamento com vareniclina reverteu parcialmente a redução causada pela fumaça da expressão dos comportamentos associados à ansiedade. De forma geral, o tratamento com vareniclina não afetou de modo deletério as variáveis associadas aos comportamentos tipo ansioso e os de busca por novidade, tendo sido capaz de reverter, total ou parcialmente, os efeitos deletérios da exposição à fumaça de cigarro em diversas variáveis. Este perfil de resultados sugere que o uso da vareniclina é seguro em adolescentes que querem interromper o hábito de fumar