Afirmações e silenciamentos sobre a temática racial no ENEM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Souza, Luiz Eduardo Espindola de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/10722
Resumo: Não obstante os importantes avanços, nas últimas décadas, na promoção e na valorização do legado negro em diversos setores sociais do país, conquistados pela contínua atuação do movimento negro local e internacional, a sociedade brasileira permanece assentada em um cotidiano notadamente racista. Entre as possibilidades de enfrentamento desse quadro, destaco a problematização de sentidos socialmente produzidos e compartilhados nas enunciações sobre a temática racial nos diversos textos sociais. Nesse sentido, com base em teorizações do filósofo Jacques Derrida, sobretudo em suas proposições sobre a desconstrução, bem como acerca da iterabilidade e da performatividade da linguagem, proponho, nesta dissertação, refletir sobre as enunciações da temática racial nos textos do Exame Nacional do Ensino Médio/ENEM, na perspectiva da educação para as relações raciais, em diálogo com autores que se dedicam à discussão das questões dessa ordem no contexto brasileiro, como Nilma Lino Gomes e Iolanda Oliveira, entre outros. Tal abordagem permitiu pensar as noções de raça e de identidade racial em termos não essencialistas, e também conceber que os textos focalizados pela pesquisa, ao referir a temática racial, contribuem, performativamente, para a sua concretização no cenário social. Para viabilizar a problematização dos textos do ENEM, organizei a discussão sobre as questões do exame em quatro fluxos de iteração relações raciais, identificação negra, narrativas da África e narrativas sobre as artes negras , que possibilitaram inferir sobre a valoração enunciada nas afirmações e silenciamentos promovidos nesse exame nacional a respeito da temática racial. Além disso, abordei também a potencialidade performativa do ENEM relativamente a tal temática, em cada edição anual do exame (1998 a 2015), o que incluiu focalizar suas propostas de redação. Com base nas problematizações desenvolvidas, concluo que o texto do ENEM fomenta reduzida contestação das desigualdades raciais prevalentes no país, uma vez que, no geral, promove uma abordagem ambivalente e/ou repetida das narrativas predominantes na sociedade, que não enfrentam o mito da democracia racial, e tendem a negativizar a identificação negra e a enunciar o continente africano apenas em seus vínculos com o colonialismo