Dos armários, fobias, discursos e resistências: cartografia das masculinidades em ambientes digitais.
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18810 |
Resumo: | Esta pesquisa surge, em primeiro, a partir de minhas próprias inquietações e questionamentos em relação às elaborações das masculinidades e homossexualidades nos perfis de usuários de sites e aplicativos voltados, inicialmente, para o público gay. Tomo a liberdade de chamá-los de homens que buscam encontros com homens, já que nem todos se veem como gays. Tendo como ponto de partida os modelos de masculinidades presentes no senso comum das sociedades ocidentais, observo que há uma hierarquia, onde aqueles que não se encaixam em padrões os mais próximos possíveis da masculinidade hegemônica (CONNELL, 2005, 2013, 2015, 2016) são postos à margem. Raramente são objetos de desejo em um mercado com tantas opções e escolhas. Estar fora de performances consideradas como masculinas (SCHECHNER, 2013) ou ser incapaz de reproduzir atos performativos dentro do que se entende como pertencentes ao macho (BUTLER, 1997, 2003) propiciam o surgimento de “guetos dentro do gueto”. Nota-se que esse processo de busca e exclusão é, mais do que uma questão de gosto pessoal, também elaborado graças a aspectos sociais e mercadológicos que valorizam determinadas características em detrimento de outras. Analisando, portanto, os enunciados produzidos pelos usuários desses espaços, entendo que as práticas discursivas são também atravessadas por discursos outros.Com base no conceito de interdiscurso, conforme proposto por Maingueneau (1997, 2005, 2013, 2015), compreendo também que os perfis são espaços de constituição do etos – das imagens de si (MAINGUENEAU, 2008, 2010, 2018), já que o sucesso dos usuários é medido por visualizações, “woofs” e “taps”. Graças ao avanço da tecnologia, somos atingidos e influenciados pelo modo como as pessoas se relacionam e buscam por parceiros na era digital (BAYM, 2010), e, com o advento da web 3.0, todos somos capazes de produzir conteúdo – o que acaba por gerar formas outras de exibir a sua imagem ao mundo. Faço uso dos conceitos de rizoma e cartografia (DELEUZE; GUATARRI, 1995; PASSOS; KASTRUP; ESCÓCIA, 2015; ROLNIK, 2016) a fim de criar um percurso possível de análise, acabando por gerar 9 leituras de mapas a partir da observação de 54 perfis levando-se em consideração os seus enunciados. Perfazendo uma análise cartográfica do discurso (DEUSDARÁ; ROCHA, 2021), concluo que os enunciados dos usuários desses sites e aplicativos estão entrelaçados a três principais instituições, não físicas, mas fortes o bastante para ditar regras extremamente arraigadas às sociedades ocidentais: o Patriarcado (BADINTER, 1986), o Machismo (CASTAÑEDA, 2006) e a Homofobia (CASTAÑEDA, 2007; BORILLO, 2010). Tais encontros entre instituições e enunciados não só promovem como perpetuam relações de gênero que ditam modelos a serem seguidos–e que excluem, rechaçam e matam corpos biologicamente masculinos que estejam distantes do ideário da masculinidade hegemônica. |