Byung-Chul Han e Hannah Arendt: ensaio de crítica da “autonomia” no contemporâneo
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Filosofia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18343 |
Resumo: | Esta pesquisa é um ensaio de crítica da noção de “autonomia” fabricada pelo sistema hegemônico neoliberal do século XXI no Ocidente. Uma abordagem filosófica de natureza temático-autoral que visa transpor o debate socioeconômico, abrindo espaço de compreensão ôntico-ontológica, a partir das obras de Byung-Chul Han e Hannah Arendt, sobre essa nova modulação de “sociedade de autônomos” que torna cidadãos “empresários de si”, em meio à desassistência total. No cenário em que a autonomia é posta como sinônimo de “individualismo-empreendedor”, o modo de ser que se cobra para este século é o do “sujeito do desempenho” da psicopolítica, emancipado de qualquer entidade que não seja o próprio indivíduo, com uma automedida posicionada por mera idealização narcísica. Nesse sentido, sociedade vira mercado, cidadão vira consumidor-competidor, laço social vira networking. Essa existência submetida à autossuperação contínua vive sem pausa, em tensão e ansiedade até o esgotamento, não conseguindo viabilizar profundidade hermenêutica nem consigo, nem com o outro. Sem vínculo e pertencimento, segundo Byung-Chul Han, os “infartos psíquicos” tornam-se generalizados e doenças como burnout, depressão, estresse e insônia passam a exigir atenção prioritária, ao mesmo tempo em que o entretenimento oferecido pelo panóptico digital captura a todos, via smartphones e redes sociais. Um entorpecimento que disfarça a carga pesada dessa “autonomia” enquanto “exasperação do indivíduo”, em que a autoafirmação e a afirmação sobre o outro estão, preponderantemente, não só no trabalho, mas por toda parte − na saúde, na moradia, na amizade, na relação afetiva etc. Esta pesquisa defende a tese de que é possível utilizar o próprio argumento do “primado da autonomia” para subverter essa noção, sem apontar prescrições ou fórmulas de saída para o conceito. Antes, promover resistência ao individualismo niilista − o que em Hannah Arendt relaciona-se com as noções de alienação e desmundanização do mundo −, especialmente no que tange a clichês, lógicas calculantes e ditadura de comportamentos. Trata-se, na verdade, de reinscrever a noção de autonomia pela compreensão arendtiana de Política, tendo por base o eixo de excelência da condição humana: o “pensamento”, a “ação” e o "discurso” – articulados pela faculdade do juízo – requalificando a singularidade em meio à pluralidade, a partir de um cuidado de si tramado no cuidado do mundo. Uma “autonomia político-plural”. |