Existe uma teoria da cultura na obra de Sigmund Freud? Um estudo sobre a noção de cultura (Kultur) nos escritos freudianos
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/22947 |
Resumo: | O presente trabalho se propõe a investigar a seguinte questão: existe uma teoria da cultura na obra de Sigmund Freud? Temos por objetivo investigar a noção de cultura (Kultur) presente nos escritos em que Freud dedicou ao problema da cultura, da sociedade e da religião. Utilizaremos a metodologia de pesquisa qualitativa de revisão de literatura, em que articularemos obras dos campos psicanalíticos, históricos, sociológicos e filosóficos a fim de compreender se há nos escritos em que Freud utilizou a noção de cultura (Kultur) uma teoria da cultura. Para tal, apresentaremos uma revisão bibliográfica sobre as noções de cultura (Kultur) e civilização (Zivilisation) que compõem um debate importante na tradição de pensamento alemão entre os séculos XVIII e XIX. Na sociedade alemã o debate entre as noções de Kultur e Zivilisation dizia respeito a uma disputa de classes sociais, isto é, dizia respeito ao conflito entre a aristocracia interessada em seguir os moldes e padrões de comportamento de corte francesa e a burguesia intelectual formada nas universidades que buscavam se distinguir a partir de uma noção de Kultur para além da aparente superficialidade dos hábitos aristocráticos. No século XX, apesar de Freud utilizar o termo germânico Kultur para tratar da relação entre o sujeito e o laço social, ele recusava a distinção entre as noções de cultura e civilização, compreendidas quase como sinônimos em sua obra. Isso ocorreu devido ao contexto sociopolítico de crescimento do antissemitismo e da ascensão do nazismo nos países de língua germânica. Sendo judeu, Freud vivenciou na Áustria o aumento do ódio ao povo judeu e foi a partir do seu desconforto com o antissemitismo que ele optou pelo uso termo Kultur para tratar do tema da cultura. Também iremos discutir como, para além do contexto político e social da Viena em que Freud viveu a maior parte de sua vida, como o criador da psicanálise faz um uso específico do termo cultura (Kultur) que compreende, simultaneamente, as atividades artísticas e intelectuais, supostamente elevadas, e as atividades em prol da regulação das relações humanas, denominadas de processo civilizatório (Zivilisation). Percorreremos cada escrito que Freud dedicou à problemática da cultura a fim de investigar se é possível deles extrair uma teoria psicanalítica da cultura. Em caráter preliminar podemos afirmar que não encontramos uma teoria psicanalítica da cultura que pudesse ser deduzida como separada da teoria da clínica psicanalítica. Consideramos que os ditos escritos freudianos sobre a cultura foram produzidos com a intenção de atender a um problema de ordem clínica, campo original e fundador da psicanálise, ou seja, foram escritos para atender à necessidade de Freud compreender como o sujeito, que é determinado pelo inconsciente em sua vida anímica, convive com o outro e forma o laço social. |