Elementos da razão turva em crônicas da Belle Époque: percepção, choque e técnica na literatura de João do Rio e Lima Barreto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Waller, Eliane
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16900
Resumo: A tese apresenta a relação entre literatura e técnica, no contexto da modernização da percepção e da experiência urbana, nas primeiras décadas do século XX, através das crônicas de João do Rio e Lima Barreto. Além disso, buscou perscrutar as mutações por que passou a subjetividade moderna, sobretudo no que diz respeito às diferenças de percepção do indivíduo, suas novas relações espaço-temporais, vinculadas e relacionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação, informação e deslocamento. O principal ponto de partida foi a análise da concepção de modernidade neurológica, com base nas reflexões de Walter Benjamin, Siegfried Kracauer e Georg Simmel. Esses pensadores fixaram-se na ideia de que tal concepção provocou um novo registro de experiência subjetiva, caracterizado por choques físicos e perceptivos. Segundo FIGUEIREDO (2019, p. 269), “As mudanças tecnológicas e econômicas atingiram profundamente a estrutura da experiência subjetiva, alterando - lhe as bases fisiológicas e psicológicas com estímulos sensoriais frequentes e intensos no caótico, fragmentado e desfamiliarizado espaço da cidade.”. Em outras palavras, o indivíduo, exposto a tais transformações, passou a ter uma perspectiva diferenciada não só sobre o que observa, mas o que em si se alterou, por conta de tais mudanças. Na esteira da excelente contribuição da Profª. Flora Sussekind, em Cinematógrafo das letras (1987), no qual ela sugere uma história da literatura brasileira que leve em conta suas “relações com uma história dos meios e formas de comunicação”, este estudo apresentou a maneira de como a literatura assimilou essas inovações. Em outras palavras, o que Sussekind procurou fazer foi examinar de que forma a aproximação da literatura com o horizonte técnico passa a “enformar” a produção cultural: “Não se trata mais de investigar apenas como a literatura representa a técnica, mas como, apropriando-se de procedimentos concernentes à fotografia, ao cinema, ao cartaz, transforma-se a própria técnica literária”. (SUSSEKIND, F., 1987, p. 15). Esta tese foi além disso, ou seja, buscou aprofundar os estudos nos teóricos que discorreram sobre a concepção neurológica da modernidade e identificou, em crônicas das duas primeiras décadas do século XX, a referida concepção, ou melhor, analisou a questão das mutações por que passou a subjetividade moderna no que tange à percepção e o papel e a relevância dos escritores João do Rio e Lima Barreto, na tradução dos impactos da modernização na experiência individual e subjetiva.