Efetividade de uma estratégia para tratamento da obesidade infantil baseada no Guia Alimentar para a População Brasileira: um ensaio randomizado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Brandão, Joana Maia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18185
Resumo: O Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) baseia suas recomendações na extensão e propósito do processamento ocorrido nos alimentos, e sugere que a redução do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) está relacionada a melhora na qualidade da alimentação e consequentemente perda de peso. Apesar de alguns estudos terem observado impacto importante na qualidade da dieta, não há evidências que a redução no consumo de AUP seja acompanhada por redução no consumo de energia total. O objetivo deste estudo é avaliar a efetividade de uma proposta de intervenção para tratamento da obesidade em crianças baseada no GAPB. Foi realizado um ensaio clínico randomizado com crianças entre 7 e 12 anos, encaminhados pelo Sistema Nacional de Regulação (SISREG) para atendimento ao ambulatório de nutrição do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). Os participantes do Grupo controle (GC) e do Grupo Intervenção (GI) participaram de 6 atividades educativas padronizadas e contextualizadas com os 10 passos do GAPB. No GI, também foi prescrito um plano alimentar individualizado, com base nas recomendações nutricionais. Análise de intenção de tratar foi realizada para avaliar a taxa de variação do desfecho primário (índice de massa corporal (IMC)) e secundários (circunferência da cintura (CC) e peso), entre os GI e GC, com base em modelos de efeito mistos. Estas análises também foram aplicadas para medir o consumo alimentar, avaliado pela taxa de variação de gramas de AUP. Adicionalmente, os resultados do IMC foram comparados com curvas de crescimento, desenvolvidas pelo método LMS, que representa a evolução do IMC da população do estudo sem intervenção. Dos 101 participantes, 51 foram alocados no GI. Ao final do estudo, o IMC declinou no GI (Δ = -0,27 kg/m2) em relação ao GC (Δ = + 0,53 kg/m2), com diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p=0.0002). Ao comparar o GC com a curva LMS, observou-se maior aumento do IMC no grupo LMS (Δ = + 1,02 kg/m2; p<0,0001). Para mudança de peso, o aumento foi maior no GC (Δ= +5,51), comparado ao GI (Δ= +3,7, p=<0,0001). E não houve diferença significativa na trajetória da CC entre os grupos. Ambos os grupos apresentaram um declínio no consumo de gramas de AUP até o quarto mês e um aumento gradual nos meses seguintes, sem diferença estatisticamente significativa (p=0,77). A combinação de uma abordagem qualitativa baseada nas recomendações do guia com o aconselhamento da restrição energética por meio do plano alimentar mostrou-se eficaz na redução da obesidade infantil. As atividades educativas tiveram impacto no consumo de AUP, porém, há uma dificuldade em manter em longos períodos mudanças comportamentais. Uma vez que o consumo destes alimentos pode prejudicar o tratamento da obesidade infantil, são necessárias estratégias que proporcionem a redução do consumo de AUP ao longo do tempo.