Avaliação da variação temporal da taxa de filtração glomerular (ΔTFG) como marcador de resposta à terapia da nefrite lúpica: um estudo retrospectivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Bispo, Ingrid Romero
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8663
Resumo: A nefrite lúpica (NL), ocorre em 50-70% dos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES), e é um dos fatores de pior prognóstico a longo prazo. Apesar dos avanços no tratamento, até 60% dos indivíduos podem evoluir para doença renal crônica (DRC). Proteinúria, sedimento urinário ativo e queda na taxa de filtração glomerular (TFG) são os parâmetros mais utilizados no manejo dos pacientes com NL, úteis na definição de resposta ao tratamento, em uma maneira estática. Até o momento, não são conhecidos estudos que avaliam o valor preditivo da variação da função renal ao longo do tempo. O presente estudo tem como objetivo utilizar o delta da taxa de filtração glomerular (ΔTFG) na avaliação de pacientes com NL, e identificar as características que se associam à perda ou ganho de função renal. Foram analisados 227 indivíduos com NL, dentre os 660 pacientes com LES (critérios do Colégio Americano de Reumatologia 1997) incluídos no prontuário eletrônico de dados do ambulatório da nossa instituição, no período entre agosto de 2014 a junho de 2016. A TFG estimada pela fórmula CKD-EPI foi analisada longitudinalmente através de regressão linear, e a variação (ΔTFG) foi calculada em ml/min/mês. Os pacientes foram agrupados em tercis de ΔTFG. Cada tercil foi analisado em razão de variáveis sócio-demográficas, clínico-laboratoriais e histopatológicas. Os resultados foram comparados com o desfecho de graus de resposta ao tratamento, já estabelecidos na literatura. Desfechos secundários analisados foram evolução para DRC e DRC estabelecida (DRCE). A maioria da amostra era composta por mulheres, com média de idade de 30 anos. NL proliferativa foi predominante (77%) e a média de proteinúria basal foi de 3,6 g/24h. O tercil inferior de ΔTFG, com maior perda de função renal, apresentou associação com a cor da pele (afro-brasileiros, p=0,05), baixo nível educacional (p<0,001), e com NL proliferativa (p=0,03). Pacientes alocados nesse tercil apresentaram mais recidivas de NL (p<0,001) porém menos sedimento ativo (p=0,01). Por outro lado, o tercil superior (ganho de função renal) esteve associado com alta escolaridade (p<0,001), menos episódio de recidivas (p<0,001) e maior valor de creatinina basal (p<0,001). Indivíduos alocados no tercil inferior e aqueles que não alcançaram resposta completa apresentaram maior chance de evolução para DRC e DRCE, com p significativo. A combinação de variáveis tradicionais de resposta ao tratamento com as mudanças na inclinação da TFG ao longo do tempo pode fornecer valor preditivo discriminatório adicional para a avaliação de pacientes com nefrite lúpica.