Quem tem moral para falar?: As representações sociais de usuários do YouTube sobre as controvérsias morais emergentes no transcurso do governo Bolsonaro (2019-2022)
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23021 |
Resumo: | A pesquisa realizada investigou as Representações Sociais de usuários do canal “Silas Malafaia Oficial”, no Youtube, sobre as controvérsias morais presentes no governo Bolsonaro (2019-2022). Adotou como referencial teórico a Teoria das Representações Sociais (TRS), desenvolvida por Serge Moscovici, sob o enfoque da abordagem processual de Denise Jodelet. Bolsonaro foi eleito com apoio maciço da hegemonia (liderança e membros) evangélica brasileira. Apesar de propor um governo sem corrupção, os anos no Palácio do Planalto foram conturbados, marcados por uma série de polêmicas e controvérsias que colocaram em xeque a moralidade religiosa e a incorruptibilidade do governo, bem como a manutenção de seus apoiadores. O pastor Silas Malafaia, presidente da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), aliado do ex-presidente, posicionou-se abertamente no seu canal reagindo às principais notícias contrárias ao governo. Diante dos fatos, foram selecionados 5 acontecimentos políticos de grande impacto para o governo - no lapso temporal de 2019 a 2023 - que motivaram a publicação de (5) vídeos no canal de Malafaia no Youtube. Os dados da pesquisa foram extraídos a partir do conteúdo dos vídeos e dos comentários, sendo 300 comentários de cada vídeo (total de 1.500). O material foi analisado em 3 estudos distintos: o primeiro abordou o conteúdo transcrito dos vídeos, submetido a uma análise lexical (CHD), processada no software IRAMUTEQ; o segundo e o terceiro abordaram o conteúdo dos comentários, sendo um resultado da análise CHD e outro resultado da aplicação da técnica de análise de conteúdo não automatizada (BARDIN 1997). Os estudos destacaram a importância das redes de comunicação evangélicas, mídias tradicionais e digitais conectadas, para a expansão de seu projeto político, evidenciando o poder de alcance da liderança religiosa midiática e carismática (Silas Malafaia), bem com a sua capacidade de conexão com o público não religioso, explicada pelo discurso ideológico neoconservador, principalmente no âmbito do ódio compartilhado, ligados ao antipetismo e aos ataques à imprensa. O universo consensual e imaginário da guerra espiritual é a tônica principal da narrativa bolsonarista, que pressupõe a flexibilização da moral, dada a necessidade de sobreviver às “investidas do inimigo”. As representações basilares da oposição ao discurso de Malafaia, sob a ótica religiosa, situam-se na concepção bíblica do escândalo, do pecado e do amor ao dinheiro. O arrependimento expresso por poucos usuários denota a possibilidade de mudança de posicionamento ocorrida diante do choque de crenças relevantes. As mudanças foram verificadas nos casos de escândalos de corrupção, mas principalmente no reconhecimento de Bolsonaro em um evento da maçonaria. A guerra cultural que alimenta a profusão de notícias falsas cria uma camada protetora que impermeabiliza a entrada de ideias conflitantes, tal como descreve a Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger (1962) aplicada aos dias atuais. |