Porque ginecologia é pra mulher né?!: a experiência de homens trans no atendimento ginecológico
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Ciências Sociais Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16849 |
Resumo: | A ginecologia foi concebida, no século XIX como uma ciência da mulher, servindo de justificativa -- apoiada na natureza -- para a diferença entre os homens e mulheres que fundamentaram e legitimaram papéis sociais pré determinados. Uma ciência que nasce marcada pelo binarismo de gênero se vê, agora, confrontada com um novo público: homens trans. O presente trabalho tem como objetivo compreender a experiência de homens trans e transmasculinos no atendimento ginecológico. Para isso foram feitas entrevistas semiestruturadas com o propósito de entender suas experiências e percepções sobre este campo da medicina. Isso envolveu: o acesso e frequência as consultas ginecológicas; o comportamento dos médicos; possíveis violências e discriminações sofridas durante atendimento; possíveis problemas causados pela falta do serviço médico; estratégias alçadas para lidar com dificuldades no atendimento e/ou sua ausência e os motivos de aceitação ou recusa em buscar a ginecologia. A análise dos relatos revelou um profundo despreparo dos médicos no atendimento das demandas de homens trans com o desconhecimento da identidade trans, o que teve impacto direto nas condutas e protocolos seguidos; a recusa de prescrição de certos tratamentos, além de episódios de discriminação e desrespeito ao nome social. Em muitos casos, a prática do cuidado em saúde foi cisheteronormativa, isto é, baseada na presunção de que todos os assistidos são cisgênero e heterossexuais. Isso tem como consequência as cenas de discriminação e o afastamento das pessoas trans dos espaços institucionais de cuidado. A vivência dos homens trans com a ginecologia envolve uma persistente explicação de sua identidade de gênero, sexualidade e, até mesmo, a respeito da hormonização e seus efeitos adversos. O embate entre a ginecologia e a transmasculinidade propicia o questionamento sobre as fronteiras entre sexo e gênero e, em última análise, o binômio natureza x cultura. Além disso, esse encontro abre caminhos e possibilidades para uma reestruturação da ginecologia, incluindo as demandas e anseios dos homens trans, e da própria medicina que poderá ser menos cisheteronormativa. |