Butler por um feminismo em fluxo: uma leitura de mediações entre sujeitas diversas e alianças plurais
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Direito Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Direito |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19405 |
Resumo: | O presente trabalho se propõe a analisar parte da obra de Judith Butler para realizar mediações possíveis com a teoria crítica e a prática feminista. Nesse sentido, começa-se explorando as noções de Butler sobre performatividade para debater o gênero e pensar a figura da sujeita mulher no feminismo diante de uma crítica à suposta estabilidade dessa sujeita. A aposta em uma sujeita estável do feminismo e acirramento da luta em torno de uma pauta identitária fechada provoca diversos apagamentos e reproduz violências que incialmente se propunha a combater. Considerando a perspectiva da interseccionalidade, Butler é sensível à necessidade de atentar para as diferentes condições de precariedade que agem sobre cada indivíduo, marcando-o de forma única. É utilizado aqui o vocabulário da autora que trata da precariedade e das condições precárias que atuam sobre os corpos e os localizam em uma zona de maior ou menor possibilidade de vida. Nesse sentido, utiliza-se, ainda, a noção de segmentação de vidas entre mais ou menos enlutáveis, sendo reconhecido que o marcador gênero acarreta um enlutamento menor, demarcando a desvalorização do inteligível como dentro do espectro da mulheridade perante a sociedade. Nesse ponto, vale destacar a teorização de Butler junto ao conceito de necropolítica, de modo a avaliar o estabelecimento de parâmetros que comportam a submissão da vida pela morte de forma pretensamente legítima, tanto pela instrumentalização da vida, como pela aniquilação de corpos que mais do que deixados revéis à morte, têm a morte como resultado pretendido. Reconhecendo a necropolítica como a política destinada àquelas populações que entendemos não abarcadas em uma ética de coabitação aplicável entre os que se reconhecem como iguais, Butler explora a ficção da convivência social calcada no contrato social amplamente volitivo, em que se reafirma constantemente o desejo de habitar em sociedade. A necropolítica comprova que a igualdade não se dá na prática, pois nem todos estão dentro do plano de aplicação de uma ética da convivência, sendo a estes diferenciados, aplicável as políticas de morte, sendo privados do valor do enlutamento transformador. Para desafiar tal segmentação, Butler apresenta sua aposta na formação de alianças em prol de coligações não simplistas, compromissadas com a constante negociação e revisão das demandas sociais e civis. Especificamente quanto ao feminismo, já tendo sido abordada a crítica ao movimento feminista que tem como meio de luta pautas identitárias em nome de uma figura de sujeita mulher estável, Butler propõe a abertura do movimento para incluir existências plurais que perpassam o espectro da mulheridade de forma sensível às demandas da interseccionalidade. Essa coligação complexa seria especialmente manifestada em momentos de assembleia, promovendo fraturas na esfera do aparecimento e, assim, criando novas formas de inteligibilidade por meio de uma performatividade coletiva. A autora trabalha, especificamente quanto ao feminismo, o exemplo concreto das Marchas das Vadias, que será tomado no presente trabalho como âmbito de debate prático apto a aprofundar e explorar as propostas de Butler para uma política coligacional compromissada com a realização de uma democracia radical. |