Os programas de ensino de Geografia do Colégio Pedro II de 1926 a 1951: a transição do caráter corográfico ao discurso científico a serviço de um novo projeto de escola e de Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Barboza, Danyele Vianna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Geografia - Faculdade de Formação de Professores (FFP)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13484
Resumo: A pesquisa propôs uma abordagem sócio-histórica do currículo de Geografia no Colégio Pedro II, a partir da análise dos conceitos-chave e da lógica de organização de conteúdos dos programas de ensino de 1926, 1929, 1931, 1942 e 1951. Numa concepção do currículo como prática de poder, o objetivo foi articular a renovação do pensamento pedagógico e geográfico no contexto da passagem do espaço brasileiro à fase industrial. Conforme mudam as finalidades educativas, muda o que se ensina e como se ensina, sendo os conteúdos influenciados pelo momento histórico (CHERVEL, 1990). Portanto, as alterações na estrutura dos programas de ensino foram analisadas à luz da emergência dos ideais da Escola Nova, da consolidação da Geografia como campo científico-disciplinar e da construção do Estado-nação brasileiro. O período compreendido entre as décadas de 1920 a 1950 representou uma grande transformação no papel da escola e do ensino de Geografia em particular. A ampliação do sistema escolar e a transição de uma geografia administrativa, de nomenclatura e forte caráter corográfico para o discurso científico-explicativo legitimaram a construção de uma identidade nacional e da unidade territorial, tornadas as bases do projeto de poder da burguesia industrial. Considerando que para Goodson (1991) o currículo é um artefato social, fruto das negociações entre agentes internos e externos à escola, a pesquisa considerou as reformas de ensino e a produção intelectual e atuação institucional da comunidade disciplinar de Geografia do Colégio Pedro II no recorte temporal adotado. Por sua contribuição para a construção da Geografia universitária no Rio de Janeiro e para a implantação de uma orientação moderna no ensino da disciplina, numa perspectiva corológica, o trabalho destacou alguns aspectos das histórias de vida , categoria usada por Ivor Goodson, de três (3) professores do Colégio Pedro II: Delgado de Carvalho, Fernando Antônio Raja Gabaglia e Everardo Backheuser. Os anos 1920 a 1950 consolidaram uma geografia brasileira com características próprias (MOREIRA, 2009, p. 35) graças ao esforço de profissionalização e reforma institucional empreendidos a partir da Era Vargas. Da Geografia como a ciência da descrição da paisagem passou-se ao discurso centrado na relação homem-meio, a serviço do projeto de um Brasil urbano-industrial. Situar o Colégio Pedro II e seu corpo docente nesse contexto é fundamental para compreender as disputas que engendraram e foram engendradas pelas propostas curriculares hegemonizadas, o peso político-ideológico da instituição e a função social do ensino de Geografia nessa fase.