E se esse parque fosse nosso? Crianças e participação em um parque urbano na zona norte carioca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Costa, Anna Caroline Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23110
Resumo: As constantes mudanças sociais e a ampliação do reconhecimento, ao longo dos anos, por vias legais, das crianças como sujeitos de direitos e atores sociais, pressupõem maior atuação e transformação das infâncias na sociedade, além de nos levar a refletir sobre seus interesses e suas ações nos espaços públicos das cidades. A pesquisa é fundamentada no campo dos Estudos da Infância, principalmente na Sociologia da Infância e na Geografia da Infância, tem por objetivo compreender como as crianças se apropriam do Parque Recanto do Trovador, situado no bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. De que modo as crianças utilizam esse espaço? Que concepções de infância nos são possíveis perceber em um parque público? Tais questões são relevantes à medida que o parque é parte da infraestrutura verde da região, contribuindo para a sua sustentabilidade, para o desenvolvimento integral e o bem-estar das crianças. O parque também tem importante valor histórico para a cidade, pois abrigou, no século XIX, o primeiro jardim zoológico do país. O interesse pelo tema se justifica para garantir que as formas de participação e os direitos das crianças, conquistados legalmente, sejam reafirmados e ampliados, sendo este o dever de todos os setores da sociedade. A escolha pelo parque se deu devido à sua proximidade com a instituição onde atuava como professora da Educação Infantil, na rede municipal do Rio de Janeiro, como também pelo fato de ser frequentado por famílias e crianças da comunidade existente em seu entorno denominada Morro dos Macacos. O estudo tem caráter etnográfico e foi realizado por meio de observação participante e conversa com as crianças, ocorridas no decorrer do ano de 2023 e no primeiro semestre de 2024, buscando-se apreender tanto as ações das crianças como a organização e a estrutura do parque para a infância a partir de três concepções: território de contenção, paisagens da infância e direito ao espaço. Verificou-se que o parque conta com territórios de contenção, espaços e equipamentos dedicados às crianças, que, entretanto, foram ressignificados por elas, que criaram suas paisagens da infância, ampliando, assim, o debate sobre seus direitos ao espaço. Um dos aparelhos presentes no espaço de contenção e que se tornou paisagem da infância foi o balanço, o mais citado, desejado e utilizado por elas, que reclamaram aumento no número deles no parque. A apropriação dos espaços pelas crianças ocorreu por meio das brincadeiras entre pares ou com os adultos, que, em geral, são seus familiares, e utilizando brinquedos trazidos por elas ou artefatos do próprio parque. Em sua maioria, as crianças estiveram acompanhadas por mulheres – mães, tias, cuidadoras ou primas –, o que revelou como, na contemporaneidade, as ações de cuidado ainda estão atreladas ao gênero feminino. Constatou-se, também, que as crianças moradoras vizinhas frequentavam o parque sozinhas ou acompanhadas por outras crianças. Assim, o estudo destaca como a infância e as crianças estão nesse parque e busca reafirmar o direito delas à cidade.