Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Benayon, Julia Silva |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Niterói
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://app.uff.br/riuff/handle/1/23835
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Resumo: |
Esta dissertação é um estudo reflexivo sobre as práticas de lazer nos parques públicos cariocas, no contexto da contemporaneidade, tendo como exemplo as atividades de piqueniques e a sua recente mercantilização. Para construção de uma base de análise e entendimento dessa tendência de “venda dos piqueniques” foram estudados três eixos temáticos principais constituídos em “a contemporaneidade”, “o espaço público” e “trabalho versus lazer”. Como a pesquisa buscou compreender práticas sociais que acontecem em parques da zona sul do Rio de Janeiro, locus de maior concentração da renda e das elites da cidade, há uma parte do estudo dedicada a contextualizar esse Rio que se prepara para sediar os jogos olímpicos de 2016, resgatando a formação da zona sul, e mostrando o ethos carioca divulgado e enaltecido pelos discursos midiático e oficial. O crescimento na ocorrência de piqueniques nos parques da zona sul carioca é expressão de uma sociedade capitalista cujos hábitos de consumo se intensificam a cada novidade apresentada pelo mercado, e cujas pressões do trabalho parecem impelir a uma busca por alternativas de descompressão de uma rotina acelerada. Somado a isso, os discursos verde, ecológico e de qualidade de vida parecem incentivar essa “volta ao espaço público” e ao “ar livre” encontrando eco nos atuais movimentos de incentivo ao uso e apropriação desses espaços para atividades de lazer e para práticas que pareçam coerentes com um estilo de vida saudável e equilibrado. Para uma análise dos piqueniques contemporâneos o estudo faz uma visita às representações pictóricas, cuja poética é evidente, e as relaciona com as atuais formas de “piquenequear”, cuja estética parece vir se transformando em fetiche. Além dos piqueniques espontâneos, em que os partícipes da atividade levam os alimentos e compartilham da comida e de um tempo juntos, têm aparecido no cenário carioca –e em outras cidades do Brasil e do mundo– piqueniques organizados por empresas especializadas na prestação deste serviço, desde a decoração até o buffet servido. É a mercantilização do piquenique incorporando uma apropriação privada do espaço público excluindo gradativamente aqueles que não podem pagar. As fotografias de piqueniques contemporâneos foram pesquisadas, em sua maioria, na rede social Instagram, através de hashtags #picnic e #piquenique, e nos perfis comerciais das empresas que organizam essas atividades. A dimensão da mercadoria e da mercantilização das atividades de lazer é assustadora, mas parece ser expressão do que uma sociedade de consumo e uma economia de serviço produzem: a mercantilização da própria vida. Entretanto, o conhecimento emancipa e empodera. Assim, compreender o sistema fornece subsídios para eventualmente intervir em seu funcionamento, constituindo-se em um importante passo em direção a uma transformação concreta da realidade excludente na qual as cidades capitalistas pós-modernas se fundam. À luz de Brecht, “nada deve parecer impossível de mudar”, “nada é impossível de mudar”. |