Travessias desnorteadoras: ensaios decoloniais e suas tessituras dos estudos da bruxaria e da loucura
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20187 |
Resumo: | A proposição desta pesquisa é cartografar e desnortear questões referentes ao campo da decolonização na sua intersecção com a psicologia e diversas outras áreas de saber. Desnortear indica tanto uma aposta nos giros decoloniais, descentralizando o norte como o centro do mundo eurocêntrico quanto também refere-se a essa expressão brasileira, com amplos significados, quando sugerimos que alguém está desnorteada, um tanto quanto louca, um tanto quanto bruxa. A perspectiva decolonial e seu giro epistêmico trazem à cena a constituição geopolítica e geohistórica de processos sociais, articulando a construção das subjetividades e seus atravessamentos de gênero, raça, classe, sexualidade e território geopolítico. A escrita propõe dois movimentos. No movimento I iremos historicizar alguns conceitos importantes no campo decolonial, situaremos o feminismo decolonial e o que esse campo de saber traz de tensionamentos para o feminismo branco hegemônico. Em “E/u moderno”, traremos questões para pensar a travessia masculina como erótica da violação, onde a terra foi sendo mapeada como força sexual, seguiremos com Grada Kilomba e seus apontamentos do sujeito negro como projeção do branco e ensaiaremos pistas, com Neuza Santos, sobre o encontro com o estranho e familiar. Em “viagem-fronteira”, pensando a viagem transatlântica como o purgatório dos brancos europeus, pensaremos como essa concepção de céu (metrópole européia), purgatório (ora a viagem, ora a colônia) e inferno (colônia) instaura uma separação subjetiva fundante para a modernidade. Em “descolonizando raiva e tesão”, tensionaremos a concepção de mulher negra raivosa como construção, principalmente mas não só, do feminismo branco, para calar as demandas das mulheres negras; pensaremos a raiva como potência transformadora e criativa tal qual o tesão. Iniciaremos o movimento II com os estudos de gênero, raça, loucura, magia, bruxaria e religiosidade. O movimento inicia-se com um breve resumo sobre o porquê da escolha dessas duas personagens e de que formas elas podem vir a compor com o debate decolonial feminista. Em “magia preta” continuaremos nossa viagem à religiosidade na colônia, assunto fundamental para pensar tanto a bruxaria quanto a loucura. Neste momento, estudaremos a evangelização, colonização e controle dos corpos, processos inquisitoriais, a figura do diabo e céu/inferno. Prosseguiremos trazendo à cena uma breve história da bruxaria, quem foram as pessoas acusadas de bruxaria e quais seus atravessamentos em terras brasilis. Como a Inquisição se atualiza e se reorganiza no Brasil? Em “que doidice é essa?”, traremos um panorama da construção do discurso racista cientificista e da loucura relacionada à fisiologia e biologia feminina, enfatizando também o recorte da raça e da classe, problematizando a essencialização biológica. Concluiremos o movimento II com a questão “quais amarrações possíveis?” onde iremos conectar os movimentos realizados, tal seja, loucura, bruxaria, religiosidade, patologização dos corpos e como essas personagens tornam urgente um debate sobre a disciplinarização dos corpos para o trabalho. Que possamos nos alimentar desse emaranhado de escritas, sonhos, questões e poesias. |