Serviços ecossistêmicos culturais em Unidades de Conservação e práticas religiosas de matriz africana
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20405 |
Resumo: | As Unidades de Conservação (UCs) no Brasil prestam importantes serviços ecossistêmicos culturais (SEC) a toda sociedade e são utilizadas para a realização de diversas atividades como pesquisas científicas, educação ambiental, recreação, ecoturismo e para fins religiosos. Entretanto, as práticas afrorreligiosas são frequentemente vistas como incompatíveis com o uso público das UCs, deflagrando conflitos e tensões com administradores/gestores de parques. Nesse contexto, objetivou-se contribuir para o aprimoramento do arcabouço jurídico-político ambiental de Parques Estaduais fluminenses, particularmente, nos espaços onde ocorrem conflitos no uso público religioso envolvendo afrorreligiosos e administradores/gestores. A metodologia caracteriza-se como pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso, com as coletas de dados feitas de fontes secundárias e bibliográficas. Para a análise desta tese, selecionaram-se os parques fluminenses, especialmente o Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) para o exame do arcabouço jurídico-político ambiental de parques. Isso no intuito de verificar se os afrorreligiosos encontram-se em desvantagem na obtenção dos SEC religiosos providos pelos parques a todos os cidadãos do território fluminense, o que caracterizaria racismo ambiental. Ainda, se a abordagem baseada em SEC pode corroborar o aprimoramento do arcabouço jurídico quanto ao uso público religioso de Parques Estaduais. Como principais resultados, identificou-se que a literatura dispõe de metodologias para avaliação de SEC religiosos, mas não se encontrou pesquisas que tratassem especificamente dos SEC afrorreligiosos, evidenciando-se o ineditismo desta tese. A partir dos planos de manejo dos parques selecionados, verificou-se que as práticas afrorreligiosas são vistas como poluidoras e degradadoras do meio ambiente e conflituosas com os objetivos de conservação das UCs. No entanto, mostrou-se que os afrorreligiosos têm uma intrínseca relação com a natureza, pois as divindades africanas são indissociáveis da natureza. O arcabouço jurídico-político examinado apresentou uma série de restrições/proibições às manifestações afrorreligiosas em parques. Somente os afrorreligiosos encontram-se em situação desfavorável à obtenção e fruição dos SEC religiosos providos pelos Parques Estaduais a toda sociedade. Isso comprovou o racismo ambiental praticado pelos administradores/gestores de UC contra os afrorreligiosos. Tal condição desfavorável irá se perpetuar em caso de aprovação do Projeto de Lei nº 2.455/2020, que não apresentou dispositivos legais para a valorização e respeito aos SEC afrorreligiosos, além de condenar as áreas sagradas de parques à informalidade, como a Sagrada Cachoeira no PEPB. Conclui-se que os afrorreligiosos sofrem com o racismo ambiental, intolerância religiosa e com o conservadorismo no uso de áreas sagradas. Ademais, abordagem dos SEC é uma ferramenta inovadora para a correta leitura do uso público religioso ao reconhecer a dimensão religiosa/espiritual das UCs, e adicioná-la ao arcabouço jurídico dos Parques Estaduais, corroborando a construção de uma sociedade justa, democrática e antirracista. Não obstante, para isso, é importante que haja avanços concretos nas políticas públicas ambientais de parques fluminenses |