A relação intermidiática entre O vice-rei de Uidá, de Bruce Chatwin, e Cobra Verde, de Werner Herzog

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Alencar, Mariana Castro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6947
Resumo: Esta pesquisa de Mestrado apresenta o encontro entre o cineasta alemão Werner Herzog e o autor inglês Bruce Chatwin, suas afinidades na trajetória de vida, pensamento e obra. Foi possível, neste percurso, observar, através dos escritos de autores como Nicholas Shakespeare (1999) e Grazia Paganelli (2009), as vivências de duas polêmicas figuras artísticas, entrelaçadas e guiadas sempre pelo amor à arte, às viagens e as experiências intensas de vida, investigando como tais tendências e modos de viver estão presentes e se projetam de forma (des)contínua na composição de suas obras. Ao analisar, a partir dessa fusão de experiências, a maioria (auto)biografadas, e tendo como suporte o estudo intermidial, com ênfase na transposição midiática, voltamo-nos para o romance O vice-rei de Uidá (1980), de Bruce Chatwin, e sua respectiva adaptação cinematográfica, o filme Cobra Verde (1987), de Werner Herzog. Desenvolvemos a análise com base nos estudos de Robert Stam (2006) e Linda Hutcheon (2013) acerca da adaptação de textos literários; de Irina Rajewsky (2012) sobre a transposição midiática, bem como as análises de André Gaudreault (2009) sobre a narrativa cinematográfica, Ana Maria Bahiana (2012) sobre a leitura fílmica, além de Adalberto Muller e Júlia Scamparini (2013), quando vão além da adaptação e discorrem sobre as Intermidialidades no Brasil. Procuramos demonstrar a relação extremamente rentável entre a narrativa literária e a narrativa fílmica, a partir da (des)construção de algumas questões estigmatizadas pelo senso comum e por certa parte da crítica especializada, o que inclui (1) o pressuposto da natural superioridade da literatura em relação ao cinema, (2) o estatuto da fidelidade como critério de valoração da adaptação, o que implica num comparativismo que hierarquiza as obras em jogo (RIBAS, 2014). Agregamos, ao estudo, a contextualização do diálogo entre romancista e diretor e as intervenções de um sobre o texto do outro, inclusive os cortes e/ou acréscimos feitos no esforço de compreender as possíveis estratégias que subjazem essas escolhas. O contato entre Herzog e Chatwin não foi apenas de caráter profissional, mas também representou um encontro de vida, de arte e de incansável busca pelo autoconhecimento e pelos limites humanos. Todas as similaridades entre ambos, tais como: o prazer pelo andar e pelas viagens, bem como o gosto por um olhar diferenciado sobre a vida, fizeram de suas obras produtos artísticos potentes e autônomos, um compósito heteróclito que nos soou fascinante