Abastecimento de água e escassez hidrossocial no município de São Gonçalo, Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Gouveia, Andreza Garcia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Multidisciplinar
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20390
Resumo: Sob a perspectiva da ecologia política, a circulação da água nos espaços urbanos consiste em um produto sócio-natural da reconfiguração do ciclo hidrológico, tornando os fluxos de água um processo físico e social combinado. O conceito de escassez hidrossocial considera que esta circulação está diretamente relacionada às condições de ordem econômica, social e política de diferentes grupos sociais. Sob a luz deste conceito, indivíduos e grupos sociais vulneráveis vivenciam uma exclusão não hidrológica, mas socialmente produzida, na qual a água flui em direção ao capital. A partir da constatação da escassez hidrossocial em São Gonçalo-RJ, esta pesquisa analisa, de forma aprofundada, como este fenômeno se desenvolve e quais são seus fatores agravantes. Nos resultados obtidos, constatouse que o serviço de água municipal possui um duplo padrão: um de abastecimento contínuo, com oferta de água suficiente às demandas domiciliares e satisfatório; e outro, com intermitências prolongadas e sistêmicas, insuficiente às demandas e considerado insatisfatório. A escassez hidrossocial em São Gonçalo obriga a população pobre, mesmo aquelas ligadas ao serviço de água potável, a buscar o acesso à água por poços, cisternas, carros-pipa e bombas hidráulicas. Cria indivíduos inseguros de água, por não estarem ligados à rede (primeira dimensão), e usuários inseguros de água, mesmo ligados ao sistema de abastecimento, com condição semelhante ao primeiro grupo (segunda dimensão). A escassez hidrossocial de indivíduos e usuários desempoderados socioeconomicamente em São Gonçalo gera: a naturalização e a aceitação da escassez; disputas e conflitos internos por água; rompimento de vínculos coletivos; a crença na solução da escassez via mercados; percepções equivocadas quanto à segurança doméstica de água; a depreciação da água via rede geral; e, o alto simbolismo a poços e cisternas. Suas causas são multifatoriais e multiescalares que perpassam na macroescala pela configuração infraestrutural imaginada para o Sistema Integrado Imunana-Laranjal, criado para abastecer e responder ao projeto de urbanização e modernização de Niterói (antiga capital do Estado do Rio de Janeiro) e pela insegurança hídrica da Bacia do Guapiaçu-Macacu. Na microescala relaciona-se à insegurança de água tratada municipal, causada pela incompletude do subsistema de reservação de água potável. Esta incompletude exclui as populações dos distritos de Ipiíba e Monjolos, totalizando mais de 400.000 habitantes, e que representa o contingente mais pobre do município. Caso as relações hidrossociais do Sistema Imunana-Laranjal e do abastecimento municipal não sejam revistas, as populações destes dois distritos poderão ser ainda mais impactadas com a inserção de novos usuários no sistema, em futuras ocorrências de estiagens no Guapiaçu-Macacu e/ou em reduções e/ou paralizações na produção e distribuição de água na ETA Laranjal.