Sensibilidade, coquetismo e libertinagem: a Pamela inglesa, as Pamelas francesas e as mudanças éticas e estéticas no século XVIII
Ano de defesa: | 2007 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6014 |
Resumo: | O trabalho examina a recepção de Pamela; or Virtue rewarded, de Richardson, na França do século XVIII. O romance de 1740 é analisado a partir de suas ambigüidades constitutivas: a erótica e a individual-subjetiva. Começa sendo comparado a antecessores franceses influentes: Lettres portugaises, atribuído a Guillerages (1669), e La Princesse de Clèves, de Madame de Lafayette (1678). Destaca-se, por um lado, a nova figuração da resistência feminina e classista por meio da escrita e, por outro, a mudança na percepção dos domínios público e privado (só se persegue a criada Pamela porque há o espaço secreto, anterior à instauração do domínio público burguês). Três peças baseadas no romance, escritas por Boissy, La Chaussée e D Aucour (que em 1743 foram fracassos e hoje são desconhecidas), são objeto de leitura cuidada, ensejando o retrato do panorama histórico do teatro parisiense, eixo cultural da França naquele momento. Nessa trilha, analisam-se as peças Mélanide, sucesso de La Chaussée (1741), e Le méchant, de Gresset (1747). A sensibilité surge como traço cultural de base à época, a justificar uma mudança no pacto estético entre o leitor-espectador e as obras. Trata-se do surgimento de uma nova verossimilhança, que Diderot será o primeiro a descrever. O romance de libertinagem, fruto da licenciosidade nas letras, licenciosidade patente na prepotência de Mr. B., patrão de Pamela, é flagrado como contraponto aristocrático e cerebral à sensibilité. O coquetismo seria a terceira forma de realismo do momento, aproximando a narrativa do coloquialismo da conversation mundana. Os três novos tipos de prosa ficcional agravam o momento presente vivido com intensidade, o qual, em nosso ponto de vista, é um traço fundamental do novo realismo da mistura de estilos (Auerbach). Entre os três, a voga de Pamela e da sensibilité determinará um tipo novo de patético não-clássico, exigindo do leitor-espectador uma postura ética e estética inédita. Por fim, a análise de Nanine, a Pamela de Voltaire (1749), mostra um autor experimentado no ambiente mundano e teatral do Antigo Regime, perseguindo essa nova ordem ética e estética, em que a condition (classe social, sexo, profissão, posição na família etc.) serve para agravar a ilusão do leitor-espectador, deixando de ser, de uma vez por todas, fundamento imutável de regras clássicas. |