Diferença e evolucionismo: questões bergsonianas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pereira, Gustavo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Vie
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/12290
Resumo: A filosofia da diferença pensada por Bergson, em composição com os conceitos de diferenciação e de impulso vital, abre espaço para uma potencialização fundamental acerca da vida e para um alargamento do horizonte do evolucionismo. A diferenciação é a manifestação da força interna à própria vida. Pela diferenciação, qualquer virtualidade potencial pode vir a instanciar-se real e materialmente, reservando e anunciando de forma efetiva sua concretude em existência, sob a forma dos organismos vivos. Paralelamente, Bergson marca o impulso vital como o autor do processo de diferenciação, a possibilidade da expressão da diferença. Portanto, testemunhada pelas distintas formas vivas que prestigiam a existência, é a biologia que melhor nos mostra o processo da diferenciação operando-se, via acontecimento da evolução. Neste sentido, a biologia evolutiva contemporânea estabelece suas bases conceituais para além das ideias de estrutura e de organicidade. É em associação a essas entranhas metafísicas da biologia que as considerações aqui propostas ganham relevância de estudo. Pensada a partir de Bergson, a evolução da vida se situa precisamente entre a diferenciação e o impulso vital, privilegiando certo vitalismo em detrimento de um mero aspecto orgânico. Assim, o plano da diferenciação é exatamente o que se entende por evolução. Evoluir é transformar-se, atualizar-se; é, num panorama geral, instaurar novas composições, assumir novidades vitais. O desdobramento da diferença, tomado enquanto processo, conduz, então, a um incessante movimento de atualização da potência da vida, sob as mais diversas formas e linhagens biológicas, ao longo do tempo, isto é, conduz à sua evolução. Por conseguinte, as linhagens evolutivas passam a ser, verdadeiramente, uma trama imbricada de potências afirmativas do impulso da vida, perdendo, com isso, seu caráter linear ilusório, sua concepção enquanto progressão em melhoramentos. O evolucionismo, enfim, deixa de se estabelecer em termos estruturais, restando-o apenas a conveniência da consistência no âmbito das tendências vitais. Através de tal desdobramento, a concepção da diferença bergsoniana situada como marca do evolucionismo protagoniza o processo biológico inesgotável de criação do inédito viável, ou seja, a natureza da diferença pura se encaminha, em última instância, à produção infinita de sistemas vivos exclusivos e originais. Como resultado dessa interpretação da natureza da diferença em Bergson, a noção de evolução torna a ideia de vida mais versátil, bela e aprazível. A vida, nesta concepção, é uma expressão do tempo, e se faz como acidente à diferença, ao passo que o evolucionismo é sua perspectiva panorâmica, ao exibir possíveis das manifestações e composições materiais do vivo, sob a dinâmica da natureza. Sob este viés, uma nova interpretação da vida foi alcançada, ao estabelecer apenas uma relação com a viabilidade para o vivo. Adicionando-se a ideia de diferença como referência de fundamento à evolução da vida, torna-se possível estender o fundo da evolução biológica: ao lado da adaptabilidade dos organismos vivos às circunstâncias ambientais objetivas, está a potência inerente da diferença interna à própria vida, seu élan vital, estruturando novos planos de possibilidades para a eterna criação de composições do vivo. Este olhar sobre a diferença é a novidade na filosofia de Bergson. Este é o triunfo da concepção da diferença bergsoniana.