Beer-laai-roi – “eu vi aquele que me vê”: relações entre mulheres evangélicas e seus processos psicoterápicos
Ano de defesa: | 2023 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/20845 |
Resumo: | Na realidade brasileira, temos uma presença massiva de evangélicos. Dentre esses, mais da metade são mulheres. Ao mesmo tempo em que temos um número tão marcante de evangélicas no Brasil, a psicologia se consolida como área de conhecimento e prática no país. Isso traz novos desafios ao campo psi que convidam ao desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. Assim, esta tese tem como objetivo entender qual a relação das mulheres evangélicas com seus processos psicoterápicos. A fim de desenvolver esse ponto, parte-se de uma metodologia da Análise do Discurso Crítica com o referencial intersecional, que construiu a leitura bibliográfica de aporte ao campo. A pesquisa foi desenvolvida em dois momentos. O primeiro foi de entrevistas preliminares semiestruturadas onde quatro mulheres evangélicas que já realizaram psicoterapia discorriam sobre seus processos. Tendo esse primeiro ponto desenvolvido, tivemos as primeiras pistas quanto ao que perguntar nas entrevistas principais – acerca da identidade dessas mulheres, seus sofrimentos, embates entre psicologia e religião, como a ideia do “psicólogo cristão” e temáticas recorrentes em psicoterapia, como família, sexualidade, casamento, culpa, racismo e violência. Essas temáticas se repetem posteriormente na pesquisa principal, com maior profundidade e trazendo à tona que mesmo as igrejas enfatizando a família, a sexualidade e os demais temas em seus discursos, essas mulheres não se sentem satisfeitas com a resposta exclusivamente religiosa, permanecendo em sofrimento. Assim, no segundo momento, realizou-se um questionário on-line para análise do perfil socioeconômico dessas mulheres, ao qual 64 responderam. Dessas, 21 se dispuseram a participar de uma entrevista semiestruturada on-line. O que se observou nas falas das entrevistadas é que ser mulher evangélica diz respeito a uma experiência de sentido de vida que está vinculada com igrejas evangélicas, mas não se restringem a elas. Mesmo sendo um lugar de sentido, elas relatam ter muito receio de demonstrar dor e sofrimento, decidindo resolver as dificuldades sozinhas. O sofrimento, que é um dos temas centrais da pesquisa, é disputado pela religião como único espaço para se resolver as dores. As igrejas demonstram desejo pela exclusividade do cuidado, porém as mulheres não se sentem plenamente acolhidas nesse local. Mostrar fragilidade é uma das grandes problemáticas levantadas e, por isso, muitas só buscam a psicoterapia em casos em que não há outra solução. Assim, há grandes conflitos entre o conhecimento psicológico e a religião, podendo muitas vezes se aliar para exercer poder sobre essas mulheres ou se distanciar, a fim de produzir espaços de escuta laica. Em seus processos psicoterápicos a religião atravessa suas falas dando a ideia de que sofrer seria um “mau testemunho”. Percebe-se, ao final da pesquisa, que suas vivências perpassam a ambivalência não só porque o campo religioso é maleável quanto à capacidade de construir domínio e conforto, mas de suas subjetividades enquanto mulheres que circulam por esses espaços complexos, sendo quem são e procurando espaços onde podem se sentir bem e acolhidas. |