Racismo Religioso: uma outra face do racismo na formação social brasileira
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Serviço Social Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Serviço Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18514 |
Resumo: | A presente dissertação considera que o racismo é constitutivo da formação sócio-histórica brasileira, observando que no país foram aproximadamente 388 anos de trabalho de pessoas escravizadas o Brasil como Estado-nação se construiu sob a subalternização do negro, demonstrando a complexidade do projeto colonial sob os corpos negros. Enquanto no período monárquico os ataques aos terreiros das comunidades de religiões de matrizes africanas estavam relacionados as relações de sujeição impostas aos negros pelo projeto colonial, ao se tornar uma república podemos verificar a continuidade da violência contra o negro em outras roupagens, pois se o negro no pós-abolição deixa de ser interpretado como mercadoria, com o fim da monarquia, a legislação vigente passa a criminalizar sua fé e suas práticas culturais. Na atualidade temos observado ataques as comunidades das religiões de matrizes africanas e perseguição aos praticantes dessa religiosidade. No geral, são realizados por grupos de traficantes que se identificam com determinada vertente evangélica, a neopentecostal, nesse sentido nos interessa interpretar essas violências como fruto do racismo religioso, sendo esse racismo uma das várias faces do racismo estrutural e estruturante da formação social brasileira. No que tange à metodologia utilizada, realizamos pesquisa qualitativa em fonte de dados secundários de delineamento bibliográfico e documental. Para dar aporte material e empírico para a nossa análise, realizamos pesquisa em sites de jornais de grande circulação no estado do Rio de Janeiro, a saber: Jornal Extra Online, O Dia, O Globo e Folha de São Paulo. Os dados foram levantados nessas fontes, considerando as seguintes variáveis: jornal da reportagem; parte do jornal onde a reportagem foi veiculada; data da reportagem; número de casos contidos na reportagem; locais das violências; sujeitos e instituições envolvidas nos casos; tipos de violência e encaminhamentos. As buscas nas plataformas digitais foram orientadas pelas seguintes palavras-chave: intolerância religiosa, ataques a terreiros, violências contra religiões de matrizes africanas, perseguição ao candomblé, perseguição a umbanda. Encontramos um universo de 38 reportagens que abordam ataques as comunidades de religiões de matrizes africanas e aos seus adeptos no estado do Rio de Janeiro no período de 2014 a 2021. O recorte temporal está ligado ao período de finalização dos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) e ascensão do conservadorismo não velado presente no discurso do atual presidente da República Jair Messias Bolsonaro. A análise que conclui é que o racismo religioso é o principal motivador desses ataques, que é uma das muitas faces do racismo, que está na base da formação social brasileira, que estrutura e fundamenta as relações sociais do Estado brasileiro. |