O Cheiro de Deus e o chiste de Roberto Drummond: fórmulas tradicionais de um romance contemporâneo e brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Ji, Renan
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6231
Resumo: O romance O cheiro de Deus representa a culminância do projeto estético-literário de Roberto Drummond. O autor concebe um épico capaz de mimetizar, numa perspectiva moderna, a narrativa clássica e preservar a origem popular e contemporânea de sua literatura. Dois eixos norteiam aqui a abordagem da obra: um, dedicado à fonte clássica e mitológica do romance; o outro, atento às intervenções da tradição popular com que o paradigma erudito se reconfigura. O primeiro capítulo se dedica à análise das imagens presentes no romance, a partir de correntes variadas dos estudos acerca do mito, e das negociações do paradigma romanesco com os procedimentos de composição do épico, sistematizados por Emil Staiger. O eixo dedicado ao cânone termina com a reflexão filosófico-estética das formas e dos gêneros, baseada nas ideias de Friedrich Nietzsche e de Mikhail Bakhtin. O segundo capítulo prossegue com a investigação do veio popular, introduzido no sistema romanesco através da referência a outras linguagens artísticas, do riso e da metáfora olfativa presente no título. Vistas em separado, 1- as referências estéticas a outras formas de arte permitem compreender a ligação entre a ingenuidade das representações de Roberto Drummond e a arte naïf; a irresistível tendência ao sentimentalismo e aos atos derramados, e o melodrama; o conceito de fórmulas de páthos (Aby Warburg) e a força do imaginário popular no romance. 2- As formas do riso, com ênfase na teoria freudiana do chiste, revelam as estratégias do discurso empenhado em sabotar suas interdições. 3- A metáfora do cheiro de Deus sintetiza todas as linhas desenvolvidas anteriormente, ao se configurar como fator cosmológico do romance. Assim, a inspiração clássica e épica, perpassada pelo riso e por expressões de arte popular, gera mais do que uma obra exótica, irreverente e naïf, como as que peculiarizam o estilo do autor: torna o romance um projeto nada ingênuo de construção ficcional, gerenciado pela metáfora olfativa. Esta dissertação, portanto, investiga como tais eixos antitéticos e complementares acionam fórmulas tradicionais e atuais, frequentando tanto as altas esferas evanescentes, divinas e literárias, quanto o habitus da descontração e da superficialidade contemporâneas, na mesma medida em que a simples e poderosa metáfora do cheiro de Deus traduz a convergência existente entre eles