Os psicólogos e seus relatos selvagens: uma cartografia de medos e inquietações na prática psi no Judiciário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Saraiva, José Eduardo Menescal
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/15042
Resumo: A prática psicológica no âmbito judiciário é o tema por excelência deste trabalho. São descritas, inicialmente, algumas situações problemáticas que se transformaram em questões judiciais no âmbito da vara da infância. Observou-se que houve, por parte da instituição, uma expectativa de previsibilidade dirigida ao trabalho do psicólogo, ou seja, a demanda de que a avaliação psicológica pudesse confirmar ou refutar a ocorrência de determinadas situações reais como, por exemplo, o abuso contra crianças , bem como desvelar ocorrências futuras do comportamento das partes envolvidas nos processos. Partindo de considerações teóricas a respeito de ciência, verdade e poder, procuramos cartografar medos, anseios e expectativas dos psicólogos do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro. Essa construção cartográfica se estabeleceu através dos relatos de cinco profissionais, chamados de interlocutores-heterônimos, entrevistados com base nas proposições da História Oral, bem como na perspectiva da pesquisa-intervenção, nas quais o pesquisador se coloca como parte do trabalho prospectivo. Os relatos deram ensejo a reflexões de caráter teórico, nas quais foram utilizadas como referências conceituais a genealogia foucaultiana, a Análise Institucional, a Teoria do Ator-Rede e a Teoria do Abolicionismo Penal, entre outras. A instituição judiciária foi analisada com base em sua dimensão histórica e em suas articulações com o poder, que forjam um espaço profundamente hierarquizado e vertical em seu contexto e relações internas. Dessa análise, emerge a figura do magistrado, detentor de um poder quase ilimitado, a quem se deve reverenciar e temer. A pesquisa empreendida teve como objetivo explicitar a dimensão coletiva de uma experiência que costuma ser vivida (e sofrida) de forma particular e isolada, como se somente coubesse aos sujeitos envolvidos a custo de muito sofrimento, tensão e eventualmente descontrole e adoecimento a submissão obediente a imperativos de ordem institucional