Sobre o anti-humanismo em Michel Foucault e B. F. Skinner

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sanches, Raphael Rodrigues [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150050
Resumo: B. F. Skinner se dedicou a construir a filosofia e a ciência do comportamento humano sem recorrer a unidades essenciais do sujeito, como mente ou personalidade; enquanto Foucault se ocupou em descrever a história da constituição dos saberes/poderes científicos e suas relações com os modos de subjetivação da sociedade ocidental moderna. Contudo, apesar dessa marcante diferença de objetos e métodos, parece haver uma afinidade genérica entre os dois autores, a crítica aos pressupostos humanistas de sujeito autônomo ou de natureza humana como fundamentos explicativos da conduta humana, crítica que vem sendo denominada na literatura como anti-humanismo. Nesse sentido, tomando o anti-humanismo por fio condutor, a proposta do presente trabalho foi a de promover um diálogo entre os pensamentos de Foucault e Skinner no que tange às suas concepções sobre o conhecimento (saber em Foucault), e a determinação da subjetividade, bem como das condutas humanas em geral; temas tradicionalmente abordados pela filosofia e pela psicologia segundo os pressupostos humanistas descritos. A investigação chegou aos seguintes resultados: (i) Com relação ao conhecimento, ambos autores rejeitam as teorias tradicionais que o concebem como uma relação sujeito/objeto dada de antemão. Skinner analisa o conhecimento como comportamento, cuja explicação deve ser a mesma de qualquer outro comportamento operante; e, segundo a interpretação utilizada neste trabalho, adota uma ontologia relacional, o que limita a realidade ao comportamento. Acrescidas às considerações ontológicas, a concepção do comportamento verbal como não referencialista afasta por completo a compreensão da verdade como correspondência com a realidade. Foucault, por seu turno, analisa a produção de saberes como fruto das formações discursivas e extradiscursivas de determiando estrato histórico. As formações discursivas determinam tudo o que pode ser percebido e dito em determinada época. Nesse sentido, Foucault cunhou o termo ontologia do presente para designar a determinação histórica de todas as possíveis relações de conhecimento. (ii) Quanto à determinação da conduta humana (incluindo a subjetividade e a ética), os dois autores concordam que são ambientais, dadas no caso de Foucault pelas relações de poder e, para Skinner, pelas relações de controle (que incluem variáveis ambientais não sociais). O comportamento ético, ainda que encarado como autocontrole, tem suas determinações nas práticas culturais para ambos pensadores. As formas de análise de controle social dos autores apresentam convergências significativas por evitarem um nível de exame supraindividual, bem como por conceberem o surgimento e transformação das práticas culturais de controle tomando por princípio explicativo suas consequências sociais.