A magnitude da sífilis em parturientes: da subnotificação à transmissão vertical

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cerqueira, Luciane Rodrigues Pedreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8686
Resumo: Em 2013, a OMS relatou, 1,9 milhões de gestantes infectadas pela sífilis no mundo, com ocorrência de 66,5% de desfechos fetais desfavoráveis nos casos de sífilis não tratada. A sífilis congênita contribui significativamente para a mortalidade infantil, sendo responsável por 305.000 mortes perinatais anualmente no mundo. Nos últimos dez anos, a taxa de mortalidade infantil por sífilis aumentou 150% no Brasil. Em 2015, o Rio de Janeiro e o Mato Grosso do Sul foram os estados mais afetados do país e alcançaram taxa de sífilis em gestantes de 2,2%. O objetivo desta pesquisa foi estimar a prevalência da sífilis em parturientes em duas maternidades da região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, avaliar a notificação, descrever o perfil destas parturientes, a assistência recebida e a transmissão vertical. Estudo de corte transversal com dados coletados nos laboratórios, prontuários e questionários das parturientes do Núcleo perinatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ) e do Hospital Estadual da Mãe de Mesquita (HEM) entre 2012 e 2014. O critério de inclusão foi teste de VDRL e teste treponêmico positivos na internação. As associações entre as variáveis e os desfechos foram avaliadas através do teste qui-quadrado χ2 e t de Student e as médias foram calculadas com os respectivos desvios-padrão. A prevalência da sífilis no HUPE foi de 4,1% em 2012, 3,1% em 2013 e 5,0% em 2014 e no HEM de 6,8% em 2013 e 5,0% em 2014. A cobertura da notificação no HUPE foi de 15,6% em 2012, 25,0% em 2013 e 48,1% em 2014 e no HEM 2,6% em 2013 e 6,5% em 2014. No HUPE a idade média das parturientes infectadas foi de 26 anos, em sua maioria eram não brancas (81%), solteiras (82,1%) e com menos de nove anos de estudo (57,7%). No que se refere à assistência, 92,4% realizaram assistência pré-natal, 87,3% foram testadas para sífilis no pré-natal, 72,2% trataram a doença, 19,0% tiveram seus parceiros tratados e 51,1% receberam orientação sobre uso de condom. A incidência de sífilis congênita foi de 22,0/1.000 nascidos-vivos (NV) em 2012, 17,0 /1.000 NV em 2013 e 44,8/1.000 NV em 2014. A subnotificação da sífilis congênita no período foi de 7,7%. A transmissão vertical ocorreu em 65,8% dos conceptos das mães infectadas com 32,9% de desfechos fetais desfavoráveis e 5,0 % de morte perinatal. Verificou-se que em 34,6% dos casos de SC os títulos maternos de VDRL eram ≤1/4. A chance de desfechos fetais adversos foi maior quando estes títulos foram ≥1/8. As prevalências estimadas nos dois hospitais do estado são elevadas, superiores às prevalências descritas no estado e no país no mesmo período e revelam a gravidade, a curva ascendente da doença e a fragilidade dos sistemas de notificação e dos serviços de saúde no manejo destas parturientes. Servem de alerta sobre a real situação epidemiológica da doença no estado.