Ecologia de duas espécies de lagarto cogenéricas (Squamata, Tropidurus) em simpatria em uma área do semiárido no nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Carneiro, Thiago Maia Ney
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/4945
Resumo: Investigações sobre as dimensões temporais, tróficas e espaciais de nicho de lagartos brasileiros conduzidas no capítulo 1 deste estudo revelaram que espécies filogeneticamente próximas tenderam a se sobrepor mais intensamente na associação a recursos tróficos e espaciais, indicando que fatores históricos prevalecem sobre variações em condições ambientais entre regiões geográficas na determinação da ecologia de cada espécie. Ao longo deste estudo, eu também analisei os nichos temporais (Capítulo 2), tróficos (Capítulo 3) e espaciais (Capítulos 2 e 4), associações ecomorfológicas (Capítulo 5), parasitismo (Capítulo 6) e comportamentos defensivos (Capítulo 7) de Tropidurus hispidus e de T. semiataeniatus vivendo em simpatria em afloramentos rochosos no nordeste do Brasil. As diferenças nas dimensões temporais de nicho não foram as mais relevantes para a coexistência simpátrica de T. hispidus e de T. semitaeniatus, entretanto, estas espécies diferiram substancialmente quanto à utilização do espaço estrutural e térmico, selecionando microambientes adequados aos seus requerimentos fisiológicos, ecológicos e comportamentais. Estes lagartos podem regular ativamente as suas temperaturas corpóreas através do comportamento utilizando as temperaturas do ar e do substrato e a luz solar direta. Tropidurus hispidus e T. semitaeniatus consumiram tipos de alimento similares, principalmente formigas, cupins, besouros adultos e flores, mas diferiram nos tamanhos de alimentos adquiridos. Lagartos T. semitaeniatus mantiveram elevadas temperaturas corpóreas para cumprir requerimentos térmicos relacionados a aquisição e a digestão de alimentos e apresentaram variação ontogenética no consumo de matéria vegetal, com a aquisição de plantas aumentando progressivamente com a idade. Ambas as espécies possuem características morfológicas que capacitam os lagartos para a utilização diferencial de recursos tróficos e espaciais. Novos registros de ocorrência de espécies de helmintos foram realizados para ambas as espécies de lagarto: Piratuba digiticauda em T. hispidus e Oochoristica bresslaui em T. semitaeniatus. O parasitismo por helmintos pode ter causado reações fisiológicas e comportamentais que promoveram limitações nos desempenhos dos lagartos, resultando em diminuições da distância mínima de iniciação de fuga de T. hispidus e da temperatura corpórea de T. semitaeniatus de acordo com o aumento da abundância de parasitas. As dimensões corpóreas de T. hispidus e de T. semitaeniatus influenciaram a ocorrência de diferenças interespecíficas em respostas defensivas (imobilidade e distância mínima de iniciação de fuga) por estes lagartos e as temperaturas do corpo afetaram negativamente as distâncias mínimas de iniciação de fuga de T. hispidus causando restrições quanto a desempenhos locomotores. A morfologia, a ecologia e o comportamento de T. hispidus e de T. semitaeniatus atuaram em sinergia habilitando os indivíduos para a partição de recursos, auxiliando a redução de sobreposições de dimensões de nicho e favorecendo as suas coexistências em simpatria