Sobre o corre da arte: uma etnografia dos futuros vividos e do ganhar a vida na cidade do Rio de Janeiro
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Estudos Sociais e Políticos Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Sociologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/18190 |
Resumo: | Esta tese propõe uma etnografia dos futuros vividos e do ganhar a vida entre artistas de origem periférica e favelada, em sua maioria negros e negras, envolvidos com o circuito de poesia marginal e das batalhas de slam na região metropolitana do Rio de Janeiro entre os anos de 2018 e 2021. Apresento uma interpretação alternativa ao chamado boom das práticas artístico-culturais advindas das periferias e favelas das cidades brasileiras nas últimas décadas, centrando a análise não mais nas lutas, mas partindo do corre, um descritivo êmico de um engajamento contemporâneo com o mundo urbano. Analiso-o seguindo o desenrolar de categorias práticas em torno das formas de construção cotidiana de horizontes temporais, como artista, dinheiro da passagem, calote, trocados, ajudas de custo, cachês, trampos, gastações, responsas, curas e militância agenciadas pelas minhas e meus interlocutores ao se movimentarem pela cidade aspirando visibilidade, serem ouvidos e reconhecidos. Assim, nesta tese sigo os processos ordinários que levavam à rotinização das batalhas de slam, voltando-me para o trabalho temporal e criativo duradouro das práticas cotidianas, para além das situações de competição de poesia. Ao longo dos capítulos, etnografo as elaborações sobre vidas que merecem ser vividas, os trânsitos ordinários entre o bater vagão, a arte e o trabalho formal, as intervenções poéticas, o correndo slams, a produção de eventos e as formas de gerir o dilema da passagem para acessar as infraestruturas de transportes. Demonstro como fazer arte envolve a contínua movimentação para adquirir trampos e dinheiro, valorar a si mesmo, lidar com incertezas e manter a casa. Atentando para as relações entre as práticas artísticas e dinheiros múltiplos, argumento que suas práticas econômicas dão a ver negociações incessantes em torno da legitimidade da arte como forma de ganhar a vida e trabalho, envolvendo regimes de valor diversos, ambivalentes e contraditórios em torno de relações, pessoas e dinheiros, além de temporalidades e materialidades. Tomando o cotidiano da arte como forma de vida, esta tese ilumina a figura dos artistas como integrante da heterogeneidade das periferias urbanas e favelas, cujos modos complexos de viver e habitar a cidade no corre trazem elementos para a reflexão de aspectos da experiência dos mais pobres e negros, em particular, daqueles que vivem através do ganho diário. |