A transposição midial: para além das cercas de São Bernardo
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Formação de Professores BR UERJ Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13936 |
Resumo: | O presente trabalho tem por objetivo analisar, dentro da perspectiva comparada, a adaptação da narrativa literária para a fílmica. Entendemos a adaptação como uma ampliação do texto fonte, conferindo-lhe a possibilidade de que se lance um novo olhar sobre ele, uma leitura em diferença (STAM, 2008) e não uma simples reprodução. Tendo em vista, portanto, essa aproximação entre mídias já que entendemos literatura e cinema como mídias, no sentido de meio e suporte (MÜLLER, 2008) tomamos o conceito de Intermidialidade (CLÜVER, 2006), que diz respeito não só àquilo que nós designamos ainda amplamente como artes , mas também às mídias e seus textos. Assim, entendemos que a comparação com base em fidedignidade entre as narrativas em jogo não deve ser considerada como critério absoluto de valoração sobre adaptação da literatura pelo cinema, por se tratar mais de ajuizamento e estigma do que categoria de análise. A partir, então, do conceito entendido como procedimento analítico na forma de transposição de uma mídia para outra: transposição midiática, conceito de Irina Rajewski (2012), esse trabalho voltará a atenção para a transposição da obra São Bernardo (2005), de Graciliano Ramos, para a narrativa fílmica de mesmo nome, dirigida por Leon Hirszman. Como nossa análise é de ordem processual, tomamos como foco o tratamento dado por Hirszman em sua releitura de algumas cenas de São Bernardo (1972) previamente selecionadas, bem como os sentidos que essas cenas podem produzir mediante o contexto de produção do filme. A análise do contexto de produção da adaptação será aqui de grande relevância a fim de que se compreenda os efeitos que envolvem a transposição de uma mídia para outra porque nem o produto nem o processo de adaptação existem num vácuo: eles pertencem a um contexto um tempo e um lugar, uma sociedade e uma cultura - e, por isso, quando um texto migra do seu contexto de criação para o contexto da adaptação, o significado e impacto das histórias, bem como a sua configuração estrutural podem mudar radicalmente (HUTCHEON, 2013). Considerando o conceito de Rememoração (BENJAMIN, 1987), entendemos que Hirszman revisita a narrativa de Graciliano para recriá-la, uma vez que o cineasta lança um olhar para o passado a fim de propor, por meio da crítica cinemanovista, uma mudança no presente, trazendo à discussão o que acontece àqueles que se colocam contra a autoridade do sistema de poder dentro da conjuntura histórica do Brasil a época da produção do filme: momento de repressão violenta a todo tipo de contestação e de resistência ao regime militar. O conceito de Walter Benjamin (1987) é também convocado pelo olhar de Paulo Honório quando este rememora sua vida para compreender os rumos que ela tomou. Como desdobramento será analisada também a relação do protagonista com sua esposa Madalena e seus empregados na fazenda, o que traduz seus atributos de fazendeiro e coronel nordestino. |