Se você está aqui, é porque eu existo: percepções múltiplas e deslocamentos do Sistema Único de Saúde no encontro com refugiados.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Coutinho, Julianna Godinho Dale
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/3993
Resumo: Essa dissertação teve como objetivo investigar as percepções de diversos atores sobre o acesso à saúde de pessoas em situação de refúgio em uma clínica da família (serviço de atenção básica) situada na zona norte do Rio de Janeiro RJ. Essa região da cidade concentra um grande número de refugiados, de origem congolesa e angolana. Foram investigadas as percepções de gestores, trabalhadores, líderes comunitários e usuários-refugiados. A metodologia adotada é a etnografia, tendo sido realizadas, durante sete meses, observações participantes em visitas domiciliares, grupos de trabalho e eventos, que se somaram a entrevistas semi-estruturadas. As percepções dessas múltiplas vozes foram identificadas e comparadas, adicionando riqueza e complexidade ao estudo, destacando-se o especial acesso a líderes comunitários, incomum em pesquisas sobre o tema. Os resultados apontam que a demora no atendimento é a principal barreira de acesso colocada pelos usuários, do mesmo modo como o acesso a exames e consultas especializadas, enquanto o acesso aos medicamentos é amplamente destacado como aspecto positivo. Cabe destacar que refugiados relacionam suas dificuldades no acesso à discriminação por serem estrangeiros e negros, fatores que também atravessam todo seu processo de integração ao Brasil. Sobressaem-se nessa pesquisa as dificuldades e questionamentos colocados ao funcionamento do serviço a partir da presença de refugiados, assim como os conflitos causados por divergentes expectativas em relação ao atendimento e entendimentos sobre direito à saúde. Aparecem importantes estratégias criadas por trabalhadores e gerente para melhor acolher essa população, como um fluxo diferenciado, que leva em conta concepções mais amplas de território e saúde. Por fim, cabe destacar o impacto das diversas violências vivenciadas por refugiados em sua saúde, sejam estas causadas por situações de discriminação, negligência por parte das instituições de refúgio ou relacionadas às localidades onde habitam, parecendo ecoar violências vividas anteriormente em seu processo migratório.