Experiências socioculturais do sofrimento: refugiados congoleses no município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Siqueira, Fabiana Chicralla
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17694
Resumo: Esta dissertação é um estudo qualitativo, de abordagem etnográfica, composto por observação participante e entrevistas, realizado no bairro de Brás de Pina – território que, na época, contava com o maior número de congoleses no município do Rio de Janeiro. Este estudo tem por objetivo investigar como os congoleses lidam com a experiência de sofrimento e mal-estar – não necessariamente associados à patologia — para, em seguida, compreender os principais desafios vivenciados pelos refugiados e solicitantes de refúgio da República Democrática do Congo (RDC) quando em território brasileiro. A análise atribui considerável importância ao colonialismo, por entender que nesse período estão as raízes da lógica neoliberal que provoca tão profundas desigualdades e expulsam milhões de pessoas de sua terra de origem, sobretudo em países da África, como a RDC. A situação na RDC é uma das mais complexas e desafiadoras em todo o mundo, com conflitos que já perduram décadas, impactando diferentes âmbitos do país. Indubitavelmente, são diversos os desafios enfrentados pela população congolesa durante o processo migratório, sendo em alguns casos necessária a assistência à saúde mental. No entanto, o que esta pesquisa busca apontar é a importância em contextualizar a experiência de sofrimento, entendendo que a sua vivência por refugiados e solicitantes de refúgio não está necessariamente atrelada ao passado, mas também a todo cenário de violências e discriminações vivenciadas no país de acolhida. A partir da análise interseccional, foi possível compreender que as discriminações vivenciadas por essa população, com isso expostas a um lugar marginal na sociedade, são continuidades de uma lógica de exploração e dominação que alicerçam as bases de uma sociedade machista e racista desde o período colonial tanto na RDC quanto no Brasil. É exatamente a intersecção de opressões e discriminações — quanto à raça, nacionalidade, classe e gênero — que afetam a vida dos refugiados e solicitantes de refúgio congoleses que estão no Rio de Janeiro, dificultando sua integração social e acirrando sua marginalização. Este cenário tem se tornado um empuxo para a saída da população congolesa do Brasil, que se lançam a outros países em busca de sobrevivência e vida digna.