A Rosa do Povo 2020-2021: um tempo entre parênteses

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Duarte, Zeyla Victoria Conceição Brandão
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Faculdade de Educação
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Educação
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21797
Resumo: Esta pesquisa apresenta um convite à aproximação entre dois “períodos de exceção” que ocorrem em épocas diferentes da história. Refiro-me ao pós-Segunda Guerra Mundial, durante o qual o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu seu livro "A Rosa do Povo", e o período da pandemia de COVID-19, que afetou o mundo recentemente. A expressão "um tempo entre parênteses" sugere que 2020-2021 foi como um intervalo singular na rotina habitual da escola, marcada por mudanças significativas em suas operações, métodos de ensino e interações sociais. O estudo investiga o currículo escolar vivenciado durante esse período através da escrita autobiográfica não narcísica (Pinar, 2007), em que poesia, docência e experiências de vida se entrelaçam neste esforço de reconstruir a memória. Realizada por uma educadora que, em meio ao luto individual e coletivo, utiliza o “método Currere” (Pinar, 2007), composto por quatro fases: regressiva, progressiva, analítica e sintética, costura fragmentos de memória, documentos e notícias da época, permitindo perceber a associação da noção de currículo escolar como planejamento do futuro (Lemos, 2017), como antídoto para o medo do futuro incerto, que está intimamente ligado aos mesmos medos da incerteza do futuro vívido durante a pandemia. Identificando que embora a pandemia tenha passado, ela também deixou o medo da defasagem produzida e essa preocupação na escola pública carioca é agravada pela concepção de educação pragmática que assola nosso país, criando um círculo vicioso produzido pelo neoliberalismo: o medo do passado ao qual não se quer voltar, o medo do presente que não se quer viver e o medo do futuro, que é pura incerteza. Com o exercício de transitar pelo passado, presente e futuro, o imprevisto (Lemos, 2017) revela-se como produto do processo de aprendizagem evidenciando a inépcia de projetar o currículo como planejamento futuro. Com o passar do tempo, as restrições impostas pela pandemia chega ao fim. No entanto, não houve mudança nas almas das pessoas, vimos a violência e a desigualdade aumentarem. Nesse contexto, a substituição do conceito de individualismo por interdependência acionado por Butler (2022), que ficou em evidência durante a pandemia, surge como uma possível chave de inteligibilidade para promover uma sociedade mais igualitária e por intermédio da “conversação complexa” que o currículo como Currere convoca a todos os educadores a praticarem (Pinar, 2007), poderia não apenas influenciar o currículo escolar, mas também contribuir para transformações na esfera social. Por que não?