A hegemonia do agronegócio do campo à educação: coerção e consenso na ofensiva contra a luta por terra e por Educação do Campo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cordeiro, Tássia Gabriele Balbi de Figueiredo e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17896
Resumo: A inserção do agronegócio na área da educação escolar, considerando-se o contexto da questão agrária no Brasil, é o objeto central desta pesquisa. Em face disso, procuramos compreender a relação entre a expansão do agronegócio no Brasil e o estabelecimento de uma investida sobre a educação, mais especificamente uma ofensiva contra o projeto popular de Educação do Campo. A questão de classe, com seus atravessamentos e desdobramentos, é fundamento para uma análise dos confrontos que remetem a lógicas antagônicas de agricultura e de educação. De forma a expandir o horizonte de compreensão dos enfrentamentos que perpassam a Educação do Campo, ultrapassando a área educacional, investigamos a atuação ampliada do agronegócio em duas frentes: a econômica, no que se refere à produção agropecuária e à expansão da fronteira agrícola, e a político-ideológica, especialmente no que diz respeito às ações educativas. A presente pesquisa é um estudo com abordagem qualitativa articulado a uma perspectiva de análise que considera aspectos/dados quantitativos, tendo por marco temporal o período entre 1997 e 2019. O método materialista histórico e dialético orienta e organiza a investigação e a análise, levadas a cabo por meio de revisão bibliográfica, de pesquisa documental e do levantamento e cruzamento de dados econômicos, educacionais, populacionais e de conflitos no campo em escala nacional. Por fim, realizamos o mapeamento dos resultados objetivando abarcar a complexidade do fenômeno estudado. Os conceitos gramscianos de Estado integral, hegemonia, intelectual, entre outros, são eixos estruturais e ferramentas metodológicas do percurso investigativo, ancorados ainda pelas formulações da escola marxista da dependência. As análises empreendidas sustentam a constatação da materialidade de uma ampla investida do agronegócio sobre a educação, resultado de sua ação na frente político-ideológica, mas que tem como vetor seu poderio econômico. Tal fenômeno transcorre, fundamentalmente, por duas vertentes: o fechamento de escolas rurais, como uma via indireta, e a inserção nas escolas, como via direta e efetivada por diferentes formatos de parcerias público-privadas em educação (PPPEs). Com isso, especialmente após 2016, é possível observar uma mudança política de natureza qualitativa, da qual emerge a tentativa de destituição da Educação do Campo como categoria de ação e projeto político-pedagógico dos movimentos sociais rurais, bem como seu desmonte enquanto política pública do Estado brasileiro. Esse projeto, resultado da reconfiguração da classe dominante do campo e do empresariamento da educação, intenta interditar a luta pela terra no país, forjando um consenso inconteste em torno da economia do agronegócio. Consequentemente, visa consolidar sua hegemonia por meio de variadas estratégias que dão corpo a uma pedagogia sectária, pseudoeducativa e publicitária - a pedagogia do agronegócio - que ao mesmo tempo em que impulsiona elementos de consenso, não deixa de mobilizar os históricos mecanismos de coerção utilizados para interditar as lutas no campo brasileiro.