A questão da democracia no quadro da teoria política: a peleja entre os simulacros liberais e a perspectiva emancipatória da tradição marxista.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Barboza, Douglas Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Serviço Social
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16054
Resumo: As transformações societárias engendradas pelo novo estágio de acumulação do capital, com a penetração da lógica do mercado em domínios cada vez mais amplos da vida humana (acarretando impactos macroeconômicos que acentuam a pobreza, a desigualdade social e a iniquidade econômica, provocando desemprego em massa, pauperização e exclusão social tanto em escala nacional como internacional), juntamente com o descrédito enfrentado pelos projetos socialistas revolucionários após a derrocada da experiência soviética, conformam, na atual quadra histórica, um cenário político e ídeo-cultural radicalmente desafiador às forças sociais comprometidas com a superação desta ordem. Numa estratégia de enfrentamento à sua crise estrutural, o capital exige cada vez mais a remoção dos obstáculos introduzidos pela extensão (ainda que incompleta e domesticada) dos procedimentos democráticos ao seu movimento de valorização ilimitada: se, por um lado, a ausência de investimento na ampliação das práticas democráticas que ultrapassem os limites da formalidade eleitoral e institucional-parlamentar (que, apesar da sua importância, não deixam de ser insuficientes e neutralizáveis) tende a esvaziar cada vez mais a capacidade político-organizativa das classes subalternas, por outro, a democracia passa a figurar cada vez mais, como retórica, em todos os discursos e correntes políticas (mesmo nas mais conservadoras e excludentes formulações), arando um terreno de incontáveis frases feitas, de declarações atrativas, as quais deixam oculto o verdadeiro conteúdo limitador, minimalista e procedimental atribuído a tal questão. Considerando este cenário, o presente estudo se propõe a resgatar e elucidar a perspectiva emancipatória da democracia no seio da clássica tradição marxista, buscando explicitar a sua distinção radical com os valores liberais reassumidos pelas propostas atualmente hegemônicas, e sustentando o pressuposto de que a democracia não deriva de um princípio ou projeto, nem mesmo representa um valor em si para uma determinada classe social, mas sim é um instrumento para a consecução dos interesses das classes, cujas relações para com a democracia são alteradas em consonância com a natureza desses interesses. Tal premissa busca romper com a constante polarização anti-dialética (e anti-histórica) de tratamento da questão democrática através ou da sua desqualificação ou da sua fetichização, disjuntiva esta constantemente presente nas atuais propostas de transformação e transição ao socialismo defendidas pelos mais diversos setores do movimento crítico, mas que acaba por alimentar, contraditoriamente, a reação conservadora de anulação da própria questão da democracia e sua apropriação e redefinição pelos valores liberais.