O mito da “Terra sem Mal” e as narrativas acerca da remoção dos índios Guarani de Itaporanga/SP, no início do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fagundes, Célio dos Santos lattes
Orientador(a): Carvalho, Alessandra Izabel de lattes
Banca de defesa: Parellada, Claudia Inês lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História
Departamento: Departamento de História
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3141
Resumo: Este trabalho busca registrar narrativas de índios descendentes dos Guarani que habitavam a região da bacia do Rio Paranapanema e foram reunidos no Aldeamento São João Batista do Rio Verde, hoje Itaporanga, SP, antes de serem removidos. Por meio de uma abordagem qualitativa, foram recolhidos os depoimentos de não índios e índios que retornaram à região para reaver as suas terras. As técnicas de coleta de dados empregadas foram: depoimentos, análise documental e o diário de campo do pesquisador. Entre os principais interlocutores teóricos incluem-se os autores: Curt Nimuendajú (1987, 2014), As populações indígenas Kaiowá Kaingang e as populações brasileiras na bacia dos rios Paranapanema/Tibagi no final do século XIX: conquista e relações interculturais. Mota (2001, 2005), Pinheiro (1992, 2004, 2009), o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação das Terras Indígenas Guarani de Itaporanga e Barão de Antonina, produzido pelo Grupo Técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 2010, entre outros. A análise dos dados apoia-se na técnica da análise de conteúdo, na modalidade temática, conforme definido por Bardin (2010). Relatórios de viagens de exploradores da região, documentos dos cartórios locais e do antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), assim como notícias de jornais, apontam que a comunidade indígena habitava as terras da região há pelo menos sessenta anos e que a sua remoção, em 1912, para Avaí, SP, ocorreu por diferentes razões associadas entre si, sobressaindo as de ordem econômica, os contágios por doenças e principalmente a intensa usurpação das terras tradicionalmente ocupadas por essa comunidade pelos não índios, que fundaram o povoado do Rio Verde, hoje Itaporanga. Na análise das narrativas, é feita a interpretação de documentos, relatórios e publicações sob a ótica das circunstâncias políticas, sociais e econômicas que levaram à remoção dessa comunidade indígena no início do século XX. A releitura e o enredo dos fatos históricos, enquadrados a partir das representações de identidade do povo indígena, as questões da posse da terra pelos colonos, a expansão da agricultura de negócios, a chegada da estrada de ferro e a omissão do Estado no que diz respeito às demandas da comunidade indígena, fatores alinhados entre si, trouxeram novos entendimentos sobre os motivos que culminaram com a expulsão dos Guarani de suas terras.