Feminismos, interseccionalidades e questões de gênero: enunciações de docentes do curso de biologia.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Santos, Ana Paula Oliveira dos lattes
Orientador(a): Heerdt, _Bettina lattes
Banca de defesa: Silva, Josie Agatha Parrilha da, Carvalho, Fabiana Aparecida de, Ramos, Mariana Brasil
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual de Ponta Grossa
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós - Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática
Departamento: Departamento de Matemática e Estatística
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://tede2.uepg.br/jspui/handle/prefix/3465
Resumo: Compreendo a ciência como um empreendimento masculino que, ao articular poder e saber, produziu/produz discursos discriminatórios, que são criticados pelas epistemologias feministas. O discurso docente, muitas vezes, propaga os regimes de verdade produzidos pela ciência. A partir dessas reflexões, questiono: de que forma os feminismos, as interseccionalidades e as questões de gênero são enunciadas nos discursos de docentes universitários da área da biologia? Quais reflexões acerca do Ensino de Ciências e Biologia podem ser feitas diante desses discursos? O objetivo geral da pesquisa é analisar o discurso dos/as docentes, em relação aos feminismos, as interseccionalidades e as questões de gênero na sociedade e na ciência, significando-os a partir das epistemologias feministas, tendo por objetivos específicos identificar as enunciações relacionadas aos feminismos, as interseccionalidades e as questões de gênero na ciência e nos conhecimentos da biologia; e repensar possibilidades para o Ensino de Ciências e Biologia a partir dos discursos docentes. A pesquisa é qualitativa e feminista, embasada em referenciais pós-críticos, foucaultianos e nas teorias e epistemologias feministas da ciência. Os/as participantes foram seis docentes atuantes no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas de uma Universidade Pública no Paraná. O corpus de análise foi construído por meio de entrevistas semiestruturadas, realizadas de forma on-line. Os discursos foram analisados na perspectiva foucaultiana, utilizando as ferramentas de Foucault – discurso, enunciado, relações de poder-saber – e as teorizações feministas, para evidenciar os enunciados e silenciamentos dos discursos e significá-los. Elenquei três eixos discursivos, que se referem aos feminismos, às interseccionalidades e às questões de gênero na biologia. Quanto aos feminismos, enunciaram um feminismo liberal, silenciando pluralidades, receio de intitular-se feminista, e explicação que reforça o estereótipo de mulher submissa e homem protetor. As interseccionalidades foram silenciadas e um discurso meritocrático enunciado ao pensar no acesso à ciência. Enunciaram as disparidades de gênero na ciência e as dificuldades encontradas pelas mulheres nesta área. Ao pensar nas questões de gênero na biologia, enunciaram críticas aos conteúdos, descrições e metodologia da área, discursos articulados às epistemologias feministas. Também criticaram proposições de racismo na biologia e a linguagem estereotipada e machista. Por outro lado, enunciaram troca de subjetivismos invertendo os papéis entre fêmeas e machos, além do discurso de uma ciência neutra e descontextualizada, e discursos sexistas, que reforçam estereótipos sociais com base na biologia. A partir dos discursos, repenso o Ensino de Ciências e Biologia e proponho que sejamos docentes feministas, atentos às diferentes formas de opressão e que pensem o ensino de modo situado. Ressalto que novos descaminhos precisam ser percorridos em busca de um ensino crítico e plural.